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segunda-feira, 29 de junho de 2015

A CRISE DO CINISMO


UMA HISTÓRIA PARA REFLEXÃO!!!


                                                                                                                                       FOTOGRAFIADIGITAL. COM. BR

Reflexão para católicos, protestantes, evangélicos, pentecostais e outros tais...

O pensamento filosófico de Nietzsche pode ser comparado a uma espécie de sensor que registra e antecipa questões e desafios de nosso século. Sua ambição é realizar um diagnóstico fiel da situação do homem moderno. Para ele, não resta dúvida de que, herdeiro dos progressos do Iluminismo, julgamo-nos liberados das cadeias da ignorância e da superstição. Confiantes nas possibilidades advindas da utilização industrial da ciência e da técnica estão certos de poder descobrir todos os segredos do universo e construir uma sociedade expurgada de todas as formas de opressão, violência, exploração. Afinal, somos devotos do deus Logos, (Logos: palavra grega que significa "palavra", "discurso" e "razão"; termo que dá origem à palavra lógica e que, em sentido amplo, é equivalente à Nietzsche, porém, meditou sobre o lado obscuro, as conseqüências que poderiam resultar do otimismo desenfreado embutido nessa convicção. Esse otimismo representa, para ele, a face resplandecente de um avesso sombrio: o mesmo progresso conduz inexoravelmente à exaustão dos valores herdados da tradição, à sua impossibilidade de dar sustentação a futuros projetos viáveis, no campo quer do conhecimento, quer da ética, quer da política.

 
Nietzsche se encontrava no limiar de uma experiência do mundo em que, como conseqüência dos progressos do conhecimento, noções como Verdade, Falsidade, Justiça, Bem, Mal, Virtude tinham sido relativizadas, não podendo mais responder a nossa eterna pergunta pelo sentido da existência. Para ele, não cabia ao filósofo justificar ou condenar esse estado de coisas, "mas constatá-lo"; essa constatação seria, então, o único caminho que permite vislumbrar uma saída. Toda tentativa de negar essa condição representa não apenas uma desonestidade intelectual e moral, mas, sobretudo o risco da catástrofe; ou seja, a possibilidade de que o esvaziamento de valores autênticos nos conduza de volta á barbárie, á destruição daquilo que de mais precioso à humanidade conquistou ao longo da história:

A dignidade da pessoa humana.

Por essa razão, Nietzsche dedicou sua vida a realizar três tarefas principais: "compreender a lógica desse movimento contraditório" ao longo do qual o progresso do conhecimento leva á perda de consistência dos valores absolutos; a partir daí, denunciar todas as formas de mistificação pela qual o homem moderno oblitera sua visão dos perigos de sua condição; por fim, destruídos os falsos ídolos — e esses são os valores mais venerados pelo homem moderno — assumir corajosamente o risco de "pensar novos valores", abrir novos horizontes para a experiência humana na história.

Nietzsche viveu e pensou em profundidade a crise que se abatia sobre a Europa ao final do século 19. Filha de seu próprio tempo, sua obra submete a uma crítica impiedosa todas as esferas da cultura. 



Porém, ao exigir do homem moderno que tome consciência das conseqüências, das possibilidades e dos limites de seu saber e agir, Nietzsche coloca questões que até hoje prosseguem conosco. Num de seus mais belos e célebres textos, põe em cena o drama de nossa condição:

Não ouvistes falar daquele homem louco que, em plena manha clara, acendeu um candeeiro, correu para o mercado e gritava incessantemente: "Procuro UM HOMEM! UM HOMEM?".

E, como lá se reunissem justamente muitos daqueles que não acreditava HOMEM, provocou ele então grande gargalhada. "Perdeu-se ele, então?", dizia um.

"Ter-se-ia extraviado, como uma criança?", dizia "outro".

Ou se mantém oculto?

Tem ele medo de nós?

Embarcou no navio?

Emigrou?' — desse modo gritavam e riam entre si. O homem louco saltou em meio a eles e trespassou-os com o olhar.

"Para onde foi este homem?".

Clamou ele, "eu vos quero dízê-lo!"

Nós o matamos, vós e eu!

Nós todos somos seus assassinos?

Como, porém, fizemos isso?

Como pudemos tragar o oceano?

Quem nos deu a esponja para remover o horizonte inteiro?

Que nos fizemos quando desprendemos esta Terra de seu sol?

Para onde se move ela, então?

Para onde nos movemos nós?

Longe de todos os sóis?

Não nos precipitamos sem cessar?

E para trás, para o lado, para frente, de todos os lados?

Há ainda um alto e um baixo?

Não erramos como através de um nada infinito?

Não nos bafeja o espaço vazio?

Não ficou mais frio?

Não vem, sem cessar, sempre a noite e mais noite?

Não se tem que acender candeeiros pela manhã?

Aquilo de mais santo e poderoso que o universo possuiu até agora sangrou sob nossos punhais — quem enxuga de nós esse sangue?

Com que água poderia nos purificar?

Que cerimônias de expiação, que divinos jogos teríamos de inventar?

A grandeza desse feito não é demasiado grande para nós?

Não teríamos que nos tomarmos, nós próprios, deuses, para apenas parecerem dignos DELE?

Jamais houve um feito maior — e sempre quem tenha apenas nascido depois de nós pertence, por causa desse feito, a uma história mais elevada do que foi toda história até agora!' — “Aqui, calou-se o homem louco e mirou de novo seus ouvintes".

Também estes silenciavam e olhavam-no com estranhamento. Finalmente, ele arrojou o candeeiro ao solo, de modo que este se estilhaçou e apagou. "Chego cedo demais", disse ele então; "não estou ainda no tempo oportuno. Esse acontecimento formidável está ainda a caminho e peregrina — ele ainda não penetrou nos ouvidos dos homens. Relâmpago e trovão precisam de tempo, a luz dos astros precisa de tempo, feitos precisam de tempo, mesmo depois de consumados, para serem vistos e ouvidos. Este feito está ainda mais afastado deles do que os astros mais remotos — e, todavia eles o consumaram". 


Conta-se ainda que, no mesmo dia, o homem louco teria entrado em diversas igrejas e nelas entoado seu "réquiem aetemam Deo". Conduzido para fora e instado a falar, teria ele replicado sempre apenas isto:

"O que são as igrejas, se não criptas e mausoléus, sepulcro caiados?”

A passagem descreve o sentimento de abandono que, como vazio opressivo, esmaga a consciência do homem moderno.

Os cínicos escarnecedores, reunidos na praça do mercado, somos também nós, vencedores do combate da ciência contra as trevas da ignorância.

Apenas nós, homens modernos, não estão conscientes da dimensão épica de nosso próprio feito, nada sabíamos da tragédia que desencadearemos, nela precipitando nosso mundo.

Vivemos dias de uma gênese de pessoas que infelizmente em nossas igrejas vivem de maneira incoerente ao cristianismo bíblico e ao mesmo tempo tem posição de destaque no meio social referido. Estamos diante de uma das maiores crises de integridade da história da Igreja de Cristo, enquanto que por outro lado vemos o maior fenômeno de crescimento de todos os tempos. Incoerência para muitos, mas apenas resultado disso mesmo para outros.
racionalidade).


O FILÓSOFO

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