A palavra “professor” deriva da palavra “professar”, e, além de lecionar, significa “declarar publicamente uma convicção ou um compromisso de conduta”. Não por acaso que, convicção e conduta são duas palavras que têm a mesma raiz. Nós, mestres, somos profissionais em vários sentidos: por ensinarmos e por nos comprometermos com condutas de trabalho em uma atividade que exige a contínua exposição de convicções.
Essa condição também envolve responsabilidades múltiplas, com conhecimentos e procedimentos, especialmente por lidarmos com muitos jovens e crianças e por um tempo longo.
Não tem professor que não dedique um bom tempo pensando em como tornar suas aulas mais atrativas, como vencer a imobilidade e a mesmice, quando estas se acampam na sua sala de aula. Geralmente, as alternativas pensadas focam na forma e no conteúdo daquilo que é proposto para a aprendizagem. Com menor ênfase pensamos no ambiente onde esta forma e estes conteúdos vão acontecer.
E, falando em ambiente, este não só contém certa estrutura (ou desestrutura), como é parte de um contexto. E este contexto, omitido na maioria de nossas tentativas de ensinar, é justamente o que pode prover o espaço para que surjam as questões, os movimentos, os significados e a aprendizagem.
Como a minha sala de aula é diferente da do restante de meus colegas, ela é geralmente um ponto de observação das práticas que saem da sala de aula e dos laboratórios. Também são muito raras as oportunidades nas quais as aulas rompem o formato da conferência, da pesquisa dirigida, do circuito, sala, laboratório, biblioteca. Ou as salas que viram um destes espaços de pernas para o ar com algum movimento que não sejam os tradicionais.
Proponho justamente esta ruptura e a busca do significado, por meio de certo transtorno nas estruturas e da contextualização daquilo que, sendo histórico, não deve ser tratado como algo que não tem vínculos.
Está seria uma leitura interessante que eu sugiro. Justamente por relatar uma realidade significativamente diferente. E por, de certa forma, nos fazer pensar fora do ensino e mais dentro das condições de aprendizagem.
Precisamos nos lembrar disso, não para nos sentirmos mais importantes do que já somos, mas para termos consciência de que, no desempenho dessa função social, não dá para ignorar limitações pessoais e problemas, ou seja, nossa condição humana.
As responsabilidades de educador, ainda mais complexas, são cumpridas em circunstâncias muito especiais, sob permanente exposição a dezenas de olhares daqueles que pretendemos formar, o olhar vem antes de o apreender, lembre-se.
Acredito no trabalho do educador como transformador e como potencializador da transformação. Acredito no que diz Paulo Freire sobre os medos, sobre ousadia, e principalmente de fazer o que é possível hoje e amanhã far-se á o impossível. Devemos olhar o horizonte, a utopia às vezes inatingível e termos os pés no caminho passo a passo, para que a humanidade se construa em trilhas de belezas, sem alargar o passo em demasia e sem estagnar a frente de qualquer problema.
Aliás, os alunos não são passageiros e não nos consideram somente condutores de classes ou especialistas em Ciências ou Arte. Eles nos enxergam também como alguém que está com blusa colorida sorriso animado, calça amarrotada e olheiras ou tênis novos e expressão impaciente. Da mesma forma, a turma não vê palavras e números surgirem no quadro e converterem-se em sons, mas acompanham a mão firme ou trêmula segurando o giz e o tom grave ou agudo da voz que explica.
percebo que a Educação no Brasil, apesar de ainda necessitar de alguns ajustes, nos faz orgulhosos por exemplos de mestres e educadores que são incansáveis em suas lutas por uma educação de qualidade, que deve invadir os quatro cantos do país, independentemente de qualquer fator sócio-econômico-político que possa influenciar negativamente nos resultados que ainda podemos alcançar.
Ao sairmos para o trabalho, mesmo preocupados com a nova ruga flagrada no espelho ou a diferença entre o saldo bancário e a prestação vencida, nos investimos da “persona” professoral. Sensível sim, mas profissional.
O FILÓSOFO
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