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sábado, 12 de setembro de 2015

RELIGIÃO, FILOSOFIA, IDEOLOGIA




 
Os acontecimentos que abalaram os Estados Unidos e o mundo têm dado ocasião para as mais variadas opiniões, sendo algumas delas totalmente desprovidas de equilíbrio e bom senso. Os sentimentos vão do pavor ao regozijo.

A espécie humana perdeu a razão?

Às vezes parece que a resposta seria afirmativa. Porém, ainda que os enlouquecidos sejam da raça humana, não é a raça humana que enlouqueceu.

Refletindo com calma, não penso que esses atentados abomináveis sejam fruto da luta entre o bem e o mal ou entre oprimidos e opressores, como muitos simploriamente pensam. É a luta entre duas maneiras de ver o mundo e o homem no mundo. É o confronto entre duas culturas diferentes e que a globalização nada mais faz do que deixar ainda maiores as diferenças.

Na tentativa de compreender, e não justificar, é preciso relembrar o significado de filosofia, ideologia e religião. Três sistemas de conhecimento que, muitas vezes, se misturam, se confundem e criam conflitos desastrosos para o mundo.

A filosofia se apresenta como uma maneira de ver o mundo e as coisas com base num conjunto de idéias que estão sempre abertas em busca da verdade, aceitando questionamentos. Uma boa filosofia não envelhece, não se impõe, mas propõe. Já a ideologia, que se apresenta como um sistema de representações para ver o mundo, se apresenta como um sistema que não admite questionamentos. Ela, só ela, se dá o direito de questionar e impor seus conceitos, sem discussão. É um sistema fechado. Os líderes comandam, os militantes obedecem. Se na filosofia há uma tendência em se moldar na busca da verdade, na ideologia há uma tentativa de moldar as coisas e os humanos a seus princípios, num total desrespeito pelos outros.

As raízes da religião se encontram na razão humana simplesmente.


Ela faz apelo às outras fontes. Oriunda do verbo latino "religare", que significa atar, unir, a palavra religião significa o ato de religar o mundo visível com o mundo invisível, onde estão forças poderosas e misteriosas cujas boas graças é preciso assegurar. A religião pode também ligar os seres humanos entre si, num grupo, propondo-lhes leis e valores comuns, dando-lhes um modo de crer e de agir.

É necessário, ainda, que se distinga religião de fé. A fé é a crença e aceitação de um ser transcendente e sobrenatural.

Todavia, há religiões que não se baseiam numa fé, como é o caso do budismo antigo. Portanto, pode haver religião sem fé, mas uma fé quase sempre se expressa num tipo de religião ou de religiões.
Quando a religião ocupa o lugar da filosofia e se torna ideologia, a partir desse momento as convicções, que deveriam ter fundamentação sustentável, na verdade, passam a ser pontos de vista puramente subjetivos. Está aqui o terreno fértil para o nascimento do fundamentalismo que incrementa fanatismos.

Determinados pontos de uma religião são tomados isoladamente.

Todas as religiões se apresentam como verdadeiras. Mas em nenhuma delas está escrito que devem ser impostas à força. Ser muçulmano não é ser violento, intolerante e terrorista. O Islã é uma religião muito simples. Não abriga liturgias complicadas. Não é intelectualizada. Ela toca muito de perto os sentimentos e o coração.

É uma filosofia de vida muito prática.
A origem disso está no milenar antagonismo entre a cultura oriental e a cultura ocidental. A cultura oriental é muito mais antiga e sempre esteve muito ligada à religião. Já a cultura ocidental, mais nova, está muito mais ligada aos valores materiais. É uma cultura para os olhos e para o tato e não para o espírito. Os orientais procuram encaixar o mundo dentro de suas convicções religiosas. Os ocidentais procuram encaixar as coisas do espírito dentro da realidade material.

Ora, os fanatismos nada mais fazem senão aumentar essas diferenças.

Acrescente-se a isso tudo uma dose de falta de sensibilidade diplomática, prepotência, arrogância de poder e teremos os ingredientes que podem causar desgraças do porte daquele dia 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos.

Como cristão, não posso me conformar com a violência e nem com a vingança. O ódio jamais serviu para construir o que quer que seja.

Ódio, orgulho e prepotência são agentes de morte e dor. É preciso cultivar o respeito e o diálogo, despedindo-se de ideologias ou crenças fanáticas e procurar, a partir de agora, rumos de entendimento em que o ser humano seja realmente respeitado em si mesmo para quem não crê e como imagem e semelhança de Deus para aquele que crê. Eu particularmente não creio que haverá mudanças para melhor neste mundo hodierno. Pois no final da história deste nosso planeta, "A violência se multiplicaria, a ciência evoluirá muito o desamor entre os indivíduos se multiplicará, ai então VIRÁ O FIM E JESUS VOLTA A ESTE VELHO MUNDO... MARANATA!!!"

O FILÓSOFO
TAMBÉM
Dr. EM TEOLOGIA

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