A lei
brasileira garante direito a comunicação, à liberdade de expressão e à
informação. No entanto é preciso pensar se essa regulamentação está sendo
cumprida.
O
primeiro exemplo que podemos pensar é a radiodifusão (TV e rádio). Ela é
regulamentada uma vez que é limitado fisicamente. Para garantir a melhor e
maior liberdade de expressão os dirigentes distribuem concessões para empresas
que devem ter um enfoque na cultura, educação, informação, etc. No entanto, é
distribuída para grandes empresas como a Globo e o SBT que a maior parte da sua
programação não visa esses enfoques.
Já
emissoras que mostram a preocupação com essas questões, como rádio comunitárias,
emissoras educativas, etc. encontram dificuldade para conseguir essas
concessões.
O direito à comunicação é um dos pilares
centrais de uma sociedade democrática. Assumir a comunicação como um direito
fundamental significa reconhecer o direito de todo ser humano de ter voz, de se
expressar. Significa dizer que cabe ao Estado garantir isso a todos os
cidadãos, mais do que exercer por sua própria conta essa comunicação. O direito
à comunicação é mais do que direito à informação; este é apenas o lado passivo
da questão. Fundamental, mas insuficiente. Também insuficiente é a liberdade de
expressão. Tal como ela existe hoje no Brasil, onde nove famílias controlam os
jornais, revistas e emissoras e rádio e TV, nove têm liberdade e 170 milhões de
pessoas têm que aceitar o que é imposto por poucos.
A comunicação, numa sociedade democrática,
pertence ao povo. Seu espaço é necessariamente público e o único poder legítimo
para regular suas práticas emana da coletividade, que é quem deveria decidir
sobre as questões relacionadas ao tema. Infelizmente, a organização do espaço
público de comunicação no Brasil fez-se até hoje sem a imprescindível
participação popular.
É preciso reafirmar a comunicação como um
direito humano, universal e inter-relacionado com todos os outros direitos
fundamentais. Lutar pela efetivação deste direito é, portanto, trabalhar para
que todos os direitos humanos, indistintamente, tornem-se realidade.
Para democratizar a comunicação é preciso
introduzir na sociedade brasileira os principais debates sobre o tema, como o
da concentração de propriedade e do controle público dos meios, o das rádios
comunitárias, do sistema público de radiodifusão, da governança da Internet, da
inclusão e da TV e rádios na Internet e ou comunitárias. E, como conseqüência,
instrumentalizar a população para as discussões e decisões de Estado a serem
tomadas.
Sociedade e comunicação democráticas são
indissociáveis. Pertencem ao mesmo universo e sua relação não pode ser
dissolvida. Se a comunicação joga um papel fundamental para a realização plena
da cidadania e da democracia brasileira, a democratização da comunicação representa
condição fundamental para o efetivo exercício da soberania popular.
O FILÓSOFO
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