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segunda-feira, 27 de julho de 2015

IDOLATRIA DOS SERMÕES


Não alimentamos qualquer ilusão quanto à reação que alguns esboçarão con­tra o assunto de que trata este capítulo; sa­bemos convictamente que nem todos aplaudirão as verdades aqui enunciadas. Ninguém deseja ser considerado idolatra, principalmente tratando-se de pregadores, porém os fatos pesam mais que o desejo e os fatos aí estão a testificar que há muitos pregadores que, sem se aperceberem, tor­naram-se idolatras de sermões.

Desejamos, fique bem claro, que o ser­mão ou pregação pode ser uma fonte de bênçãos para o pregador, para os ouvintes não-salvos e para os remidos que já perten­cem à igreja. Ao mesmo tempo, frisamos, pode transformar-se numa forma de idola­tria. Tudo depende da atitude que o prega­dor tomar ao entregar a mensagem ao po­vo. 

A pregação pode ser uma luz a iluminar o caminho para o Calvário, como pode ser uma nuvem de obscuridade a evitar que as almas vejam CRISTO e o sigam. Se o prega­dor estimar mais a mensagem que prega do que a Pessoa de CRISTO, tal pregador é ido­latra. Se a pregação for feita com o propó­sito de mostrar a capacidade do orador, ninguém negará que no coração há idola­tria ligada ao sermão.



Inegavelmente o que há em abundân­cia na igreja dos nossos dias são pregadores idolatras de seu próprio trabalho, que é fei­to sem a preocupação de elevar CRISTO, mas com o cuidado preconcebido de mostrar sapiência humana.

O sermão será um ornamento a fazer brilhar a luz do Evangelho, se anunciado no propósito que tornou grande a missão de João Batista, ao declarar que convinha que Cristo crescesse, e que ele, João, dimi­nuísse. O sermão concorrerá para o brilho da igreja, se Cristo for o centro e a periferia do assunto que se anuncia. De outra for­ma, se a pregação for vazia de sentido e da unção do Espírito, será um ídolo para o pregador, com o evidente perigo de o ser também para os seus ouvintes.

Se alguém deseja conhecer o caráter dos sermões ou pregações dos apóstolos e dos homens de seu tempo, é só recorrer aos livros do Novo Testamento, pois ali está o espelho, o modelo e o característico da mensagem que não transforma corações li­vres em idolatras de sermões. A primeira verdade revelada na pregação apostólica é que a mensagem era feita para ganhar al­mas. O único tema que os inspirava e lhes dava fulgor era unicamente JESUS CRISTO, o FILHO de Deus.

O contraste entre os pregadores dos tempos apostólicos e muitos pregadores de nossos dias é flagrante. O que há em abun­dância nos dias presentes são ganhadores de elogios, em virtude de carregarem seus sermões de sabedoria, deixando-os vazios de CRISTO.



pregadores que seriam bons novelis­tas, se abraçassem a profissão de escritor, que, porém, nada tem que ver com a pre­gação do Evangelho. Não se pense que essa classe de pregadores é diminuta. Ao con­trário, é bem numerosa. Aqueles que falam para impressionar o auditório, afastaram-se demasiado da estrada da vida. O que CRISTO pede e deseja do pregador é que fale do que recebeu do PAI; que exprima sua gratidão, alegria e o poder da salvação. Se o pregador não possuir essas verdades ar­raigadas no coração, terá de substituí-las por frases muito sugestivas, artificiosas e eloqüentes, que recendam a cultura. Mas é aí que está o perigo da idolatria dos ser­mões.

Os homens de responsabilidade inte­grados na vida da igreja devem saber que religião e salvação não são assuntos sujei­tos às exigências da arte de falar, nem me­lhoram com os retoques estéticos do buril lingüístico. Se tal sucedesse, isso seria su­bordinar um tema divino e espiritual ao capricho da retórica. A obra de levar almas a Cristo é mais simples, mas é mais eleva­da que o trabalho de colecionar termos para dar realce àquele que prega.

Pregar o Evangelho não é atrair o inte­lecto para o brilho da inteligência: é, antes de tudo, expor ao mundo atribulado o ca­minho da vida eterna e da paz.

Deus não chamou, nem chama, para pregarem nas igrejas ou nas praças, preletores de filosofia nem apologistas das vá­rias ciências. O lugar de prelecionar retóri­ca ou eloqüência não é a igreja. Há as cáte­dras onde é mais próprio fazê-lo.



Se o pregador introduzir elementos estranhos na pregação, prova que está inclinado para um lado perigoso, que pode transformar-se em idolatria dos sermões.

Envernizar o sermão com as tintas do saber terreno é ofuscar o brilho da espiri­tualidade que deve fulgurar na mensagem do evangelista que fala às almas sem CRIS­TO.

Fazer um sermão saturado de frases e expressões engenhosamente dispostas para impressionar o auditório, pode ser mais fá­cil que pregar dentro das linhas bíblicas em que só a graça ressalta e dá vibração, porém tal sermão pouco valor terá para converter almas a CRISTO, porque é um ser­mão arquitetado e idolatrado por quem o fez.

Jamais ouvi um testemunho de alguém que declarasse haver sido salvo pela ciên­cia, pela cultura, pela eloqüência ou pelo pregador. Entretanto o que se ouve de to­dos quantos alcançaram ser iluminados pela graça de Deus, é que CRISTO os salvou, que o poder do Evangelho os levantou, que a graça os redimiu.

O pregador que viver o Evangelho terá na sua mensagem a chama da unção a dar realce ao que fala, porque é uma força que sai do coração e vai direto ao objetivo. Foi assim na igreja primitiva, e será assim na igreja, em todos os tempos. Pregar o Evan­gelho é colocar os homens face a face com CRISTO, é iluminá-los com a luz do próprio Céu.

Pregar somente sabedoria intelectual é colocar os homens face a face com a cul­tura e erudição, é o caminho mais curto para o pregador alcançar o altar da idola­tria dos seus sermões. Pregar para ser admirado é fundir be­zerros de ouro que os ouvintes, mais cedo ou mais tarde, adorarão. Pregar a Palavra é sacrifício que leva até ao holocausto, mas que impede chegar-se à idolatria.

Ninguém se engane com as aparências! A letra não será o brilho da igreja cristã. A capacidade humana não é facho de luz ca­paz de atrair as almas para serem salvas.

A habilidade dos homens não converterá um só coração. Na igreja somente uma luz deve aparecer - CRISTO, que é a Luz do mundo.

Se faltar essa luz, haverá certa­mente idolatria, pelo menos a idolatria de sermões.

O FILÓSOFO
TAMBÉM
DR. EM TEOLOGIA
                  

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