Depois de cento e cinqüenta anos. Depois de tanta Assembléia Geral da igreja.
Depois de tantos milhares de livros
escritos sobre toda a teologia, esbarramos no séc. XXI com uma igreja doente.
Deveria estar sadia, viçosa e madura, mas se encontra raquítica, doente e vem
perdendo sua força a cada geração.
Sua importância é questionada e seu valor
posto à prova. Igreja por natureza é um corpo vivo, atuante e transformador.
Seus membros devem crescer pela Palavra e testemunho. A igreja deve marcar mais
pelo contraste do que pela semelhança.
Mas em nossos dias ela vem se igualando
ao mundo e oferecendo exatamente o que o mundo já tem e não satisfaz. Gostaria
de analisar algumas marcas que apontam para uma igreja doente. Mas infelizmente
não o farei por causa do orgulho que impera na Igreja do Senhor, mas uma coisa
quero afirmar a “TV Novo Tempo” e está tal “Semente”, esta SE FORMANDO PASTORES BAD-BOYS. O mundo dentro da Igreja, que saudades do Professor
Orlando Rhiter “Que pra dormir deveria os Pastores usar gravata”. Prestem à
atenção o Tal Caju Universitário, que baixaria.
1 – Gigantismo em
Lugar de Crescimento
Hoje o padrão para se avaliar
a bênção sobre uma comunidade é o número de freqüentadores. Não importa se são
salvos ou não, mas se está cheio. Tomando este padrão como norma para as épocas
da igreja, veremos que Alguns fundadores de igreja foram um fracasso, pois,
deixou poucos discípulos e estes medrosos.
Se tomarmos este padrão para o
mundo árabe, veremos que os missionários que trabalham por lá a mais de vinte
anos são fracassados, pois, suas congregações são compostas por pouquíssimos
convertidos nativos. Não sou contra congregações grandes, sou contra a
despersonalização que elas geram.
Os membros deixam de ser ovelhas e tornam-se
estatísticas. Tem sites de igrejas que mostram, como se fosse um troféu, o
número de membros arrolados com dizeres mais ou menos assim:
“Hoje já somos tantos milhares...”.
Com isso querem mostrar que o
Senhor é mais bondoso com eles que com as demais congregações?
Esse gigantismo é uma
distorção gritante do que a Palavra diz. A Palavra diz que a igreja é um corpo
ajustado com cada parte ajudando as demais no exercício de suas funções. Os
dons são distribuídos visando o crescimento do corpo. Mas a antítese do
gigantismo vivido atualmente é a inanição dos membros. Estes não crescem na
proporção do número de membros. São crianças espirituais e crianças não
trabalham, dão trabalho. Abraçam qualquer ensinamento de forma acrítica e vivem
de onda em onda. A igreja está doente porque aceita ser medida pelos padrões de
desempenho empresarias, mundanos que pelos padrões de Deus. Está doente porque
confundiu gigantismo com crescimento.
2 – Muito Dinheiro
Investido em Prédios e Pouco em Evangelismo.
Se fizéssemos uma análise do
valor patrimonial das 20 maiores igrejas nos pais ficaríamos estarrecidos com
quantos milhões de Reais estão invertidos em templos suntuosos. Cada vez mais
as igrejas buscam prédios maiores com o argumento que precisam de maiores espaços
para acolher seus membros. Esquece-se que cada novo templo, por maior que seja
já nascerá pequeno, pois, o crescimento natural da congregação inviabilizará
qualquer empreendimento imobiliário.
Alguns líderes afirmam que
possuem um patrimônio de tantos milhões de dólares, como se fossem deles tais
igrejas,e ou é, são donos da igreja não JESUS. Outro dia ouvia um sermão de um Pastor,
dos mais insanos possíveis, no qual dizia que havia construído uma igreja de R$
35.000.000,00 no meio de uma floresta tropical. Ele se gabava do fato de ter nascido
pequeno e agora esta onde está. Paulo pensava o contrário quando disse:
10. Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua
graça para comigo não
foi vã,
antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu,
mas a
graça de Deus, que está comigo”.
1º Coríntios 15: 10.
Paulo sempre apontava para a
graça de Deus. Nunca achou que nele havia algum bem ou valor, mas sempre a
graça. Ele foi enfático neste versículo quando disse:
“Todavia não eu, mas a graça de Deus,
que está comigo”.
Paulo sofria e lutava para que
Cristo fosse formado em seus ouvintes.
19. Meus
filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que
Cristo
seja formado em vós.
Gálatas 4: 19.
Quando investimos em pessoas
os ministérios acontecem, os dons de ajuda mútua emergem e a obra expande. A
igreja está doente porque olha para dentro de si mesma enxergando somente suas
necessidades e esquece-se de olhar para a seara que está branca e pronta para
ceifa.
Esquece que o próximo pode estar sentado ao seu lado, pode ser
aquele que está sendo disciplinado ou foi, esquece e ele definha até a morte
sem nunca ter recebido uma visita (Mas com amor), uma oração, nas ruas se torna
um desconhecido.
Vejo os relatórios das convenções
e fico estarrecido com os valores aplicados em Evangelismo. Acredito que o
executivo regional destas convenções deva ganhar um pouco menos do que o total
investido em Evangelismo no estado. Não sou contra remunerar bem pessoas que se
esforçam para o crescimento do Reino. Mas a necessidade de um não pode ser mais
significativa que todo um estado.
O erro está em investirmos
pouco, muito pouco em Evangelismo. Nunca soube de um alvo missionário para
envio de 100 missionários para missões em um ano específico. Sempre os alvos
são financeiros e estes, salvo engano, nunca são alcançados, porque a igreja
não tem consciência missionária.
A igreja está doente porque
acredita que possuindo prédios gigantescos estará influenciando o mundo e mesmo
o salvando. A igreja está doente porque já não mais chora pelos perdidos e seus
finalmentes, mas se alegra com um capitalismo travestido de espiritualidade.
A Igreja está doente porque
perdeu seu grande alvo, o mesmo de Cristo, buscar e salvar o perdido.
3 – O Pragmatismo é
Mais Importante Que a Palavra
Fomos assaltados pelo
pragmatismo. Se funciona deve ser de Deus. Não perguntamos se está de acordo
com a Palavra. Deu resultado esqueça o resto. Um pregador pela televisão disse
que não estava pedindo dinheiro naquele mês, em seus programas, porque muitos
haviam ofertado para seu ministério depois que um profeta havia prometido uma
unção financeira ilimitada por R$ 900,00. Deve ter entrado muito dinheiro mesmo
depois de tal profecia para que tal pregador jogasse no lixo a razão, a
consciência e a Palavra. Isso é pragmatismo ao extremo.
Parece-me que para tais
pessoas os meios justificam os fins. Nem tudo que funciona vem de Deus. Nem
tudo que dá certo tem apoio na Palavra. Temos um exemplo dramático no Antigo
Testamento. Israel quando saiu do Egito não se dispersou no deserto porque
adorou o bezerro de ouro. Um fim foi alcançado, a não dispersão, mas ao preço
de sacrificar a comunhão com Deus. O pragmatismo sacrifica a Palavra no altar
do erro e do oportunismo.
A igreja está doente porque aceita os
resultados sem prová-los pela Palavra. A igreja está doente porque a Palavra
foi preterida como regra de fé e prática.
4 – Emoção Sim, Razão Não.
Os cristãos modernos são
chorosos, gritadores, histéricos menos racionais. Os pastores, não em sua totalidade, incentivam a
irracionalidade e a emoção extrema como forma de espiritualidade. Não me
entendam mal. Creio que a presença de Deus pode tocar com todo nosso ser e
podemos ter reações não convencionais, como aconteceu na época de Jonathan
Edwards (1737). Mas somente emoção destituída de razão é um absurdo.
John Mackay disse:
“Ação sem reflexão á paralisia da razão”.
Hoje em muitas igrejas existe
a mania ou tendência de dar um brado de vitória. O povo grita até ficar rouco.
Isso é catarse pura, mas confundem sair desses cultos aliviados com sair dali
abençoados. Paulo nos encoraja a praticarmos um culto racional (Romanos 12: 1).
Paulo nos encoraja a buscamos a sabedoria e o conhecimento para aprovarmos as
obras de Deus.
A igreja está doente porque
exalta a emoção e esquece-se da razão. Está doente porque o arrepio vale mais
que a Palavra que em tudo pode nos tornar aptos para salvação.
5 – O Evangelho da
Cruz Foi Sacrificado no Altar de Mamon.
Não é preciso ser esperto em
economia e finanças para identificar a crise que vive a igreja. Numa nação onde
a justiça social é pouco praticada, a renda está concentrada nas mãos de
poucos, o abismo entre ricos e pobres aumenta assustadoramente e os efeitos
desastrosos de uma política neoliberal se fazem sentir, nada mais seduz as
pessoas do que a oferta de dinheiro fácil, haja vista, o alto grau de
endividamento dos aposentados após o governo federal permitir um
comprometimento de suas rendas em empréstimos junto a bancos. O lucro dos
bancos têm sido astronômicos. O povo endividado até o pescoço e os banqueiros
colhendo os maiores resultados das últimas décadas. Neste contexto o que mais
cresce no Brasil são casas lotéricas, bingos, jogos eletrônicos proibidos e igrejas.
Atraem os pobres com promessas
de enriquecimento rápido. As loterias e congêneres pela facilidade de aposta e
as igrejas com a doentia teologia da prosperidade ou da vitória financeira.
Estamos promovendo a maior desevangelização do Brasil. Estamos perdendo um
momento precioso de anunciarmos o evangelho da cruz que gera arrependimento, fé
e o novo nascimento. Em muitos lugares o evangelho da cruz foi substituído pelo
evangelho da prosperidade que gera ganância, barganha, materialismo e grandes
desapontamentos. Sabemos que a maioria nunca chegará a gozar das falsas bênçãos
apregoadas por pregadores gananciosos, materialistas e desumanos.
Está emergindo toda
uma geração de cristãos decepcionados com o evangelho de Cristo.
Pessoas que no médio e longo
prazo nada farão pelo Reino de Deus, porque estão tentando absorver ou conviver
com as frustrações que tiveram com Pastores e igrejas que pregam tais
distorções.
Há bem pouco tempo acusávamos
os católicos romanos de idólatras porque adoravam outros deuses ou santos. Mas
deparo-me com a idolatria no meio evangélico. Não adoramos santos nem deuses, estamos adorando Mamon.
A igreja está doente porque
oferece os benefícios da cruz sem a cruz. A igreja está doente porque aponta
para este mundo como um fim em si mesmo. A igreja está doente porque se
esqueceu de dizer ao homem que somos peregrinos em um mundo hostil a Cristo e
seu evangelho.
6 – Teologia e Clareza
Doutrinária Não, Revelações Sim
Hoje em dia para tudo há uma
nova unção. Unção de nobreza de Salomão por R$ 10.000,00, unção de Abraão por
ter agarrado a camisa de um profeta judeu norte-americano, unção de Ester,
unção do Leão de Judá, unção de Davi, unção apostólica e por ai vai. Nunca vi
tanto besteirol no meio cristão. O pior é as pessoas acreditarem que isso é
verdade. Sacrificam suas competências mentais em nome de uma espiritualidade
doentia e insana. Visões, palavras proféticas, atos proféticos tudo isso
mostrando o vazio interior de líderes confusos e desequilibrados.
Os cristãos acham que qualquer
pessoa que fala em nome de Deus ou se
diz pastor merece crédito.
Estamos vivendo um momento
onde milhares de pastores autocomissionados
e mesmo consagrados a rodo falam em nome de Deus. Como não possuem formação
teológica sadia ou mesmo compraram seus diplomas teológicos de pessoas
desqualificadas e desonestas, falam sobre revelações, visões que nunca tiveram
usando a Bíblia como um manual manipulável e manipulador de massas.
As massas evangélicas foram cooptadas por certo triunfalismo,
certo utilitarismo e mesmo hedonismo, onde o que vale mais é a sensação
prazerosa e imediata. Tem mais valor a estética do que a ética, o sentir e não
o pensar e a quantidade e não a qualidade.
A igreja está doente porque as
novas revelações são mais importantes que A Revelação da Palavra.
A igreja está doente porque os
sentimentos são mais valorizados que o pensar consistente.
A igreja está doente porque
relativizou a Palavra de Deus. Está doente porque não possue mais valores
absolutos.
Mas ainda resta muita
esperança porque o Soberano Senhor está no controle de tudo. Ainda resta
esperança porque existem homens e mulheres de Deus que pagam um preço pela
sanidade, integridade e não se curvam, nem se embriagam com estas posturas
alucinadoras. Existem servos de Deus que não se venderam, nem pagaram por
bênçãos e nem relativizaram os fundamentos da fé e de uma vida cristã integral.
Ainda há esperança para
igreja, eu creio nisso.
Soli Deo Gloria.
O FILÓSOFO
TAMBÉM
Dr. EM TEOLOGIA
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