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sexta-feira, 22 de junho de 2012

ESTUDO ALERTA PARA RELAÇÃO ENTRE REFUGIADOS E MUDANÇAS CLIMÁTICAS




A mudança climática aumenta a vulnerabilidade das pessoas que são obrigadas a abandonar seus lares e buscar refúgio em outras regiões ou países, afirmou nesta quinta-feira o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Gutierrez. O ex-primeiro-ministro de Portugal se referiu ao agravamento da situação dos refugiados pela mudança climática em seu discurso na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, que termina amanhã no Rio de Janeiro.

 

 

Gutierrez leu, perante os quase 100 chefes de Estado e de Governo que participam da cúpula, os dados de um estudo do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) sobre a situação de dezenas de refugiados africanos que foram obrigados a se deslocar por razões ambientais.

"O estudo confirma o que escutamos dos refugiados há anos. Apesar de fazerem de tudo para permanecer em suas casas, eles não têm outra opção a não ser deslocar-se quando as colheitas se perdem e o gado morre", afirmou Guterres."Esse deslocamento muitas vezes os leva a situações ainda mais perigosas", acrescentou.


O estudo "Mudanças Climáticas, Vulnerabilidade e Mobilidade Humana" foi elaborado com base em entrevistas realizadas, no ano passado, com cerca de 150 refugiados na Etiópia e Uganda por pesquisadores do Acnur, da Universidade das Nações Unidas, da Escika de Economia de Londres e da Universidade de Bonn.

Segundo o relatório, apresentado oficialmente esta semana na Rio+20, a maioria dos entrevistados é de pequenos agricultores procedentes da Eritreia, da Somália e do Sudão. A maioria disse ter deixado sua casa como última opção e se deslocado a uma região vizinha em caráter temporário, embora finalmente tenha abandonando seu país pela deterioração das condições de segurança nos lugares em que inicialmente se tinham refugiado.

Os entrevistados disseram que tinham abandonado seu país primeiro por causa da seca e, depois, pela violência. Muitos asseguraram ter sofrido em suas regiões os efeitos da irregularidade das chuvas e das secas, mais prolongadas e mais severas que em épocas anteriores.


Apesar de descartarem que as mudanças climáticas tenham provocado conflitos, admitiram que a escassez de alimentos pelas secas agravasse conflitos já existentes e provocaram perseguições e repressões.

"Estou convencido de que as alterações climáticas agravarão a crise dos deslocamentos pelo mundo. É necessário realizar esforços em escala mundial para responder a esse desafio", disse Gutierrez.
Segundo o Acnur, os deslocados que cruzam a fronteira por problemas climáticos não necessariamente podem ser considerados refugiados, status que se reconhece a quem foge de conflitos. Por essa razão, o Acnur se propõe lançar em outubro, em associação com a Noruega e Suíça, uma iniciativa que permita atender pessoas que buscam refúgio em outros países por mudanças ambientais e eventos climáticos.

Sobre a Rio+20
Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.


Depois do período em que representantes de mais de 100 países discutiram detalhes do documento final da Conferência, o evento ingressou quarta-feira na etapa definitiva e mais importante. Até amanhã, ocorre no Rio centro o Segmento de Alto Nível da Rio+20, com a presença de diversos chefes de Estado e de governo de países-membros das Nações Unidas.

Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não vieram ao Brasil, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Ângela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron.

Além disso, houve impasse em relação ao texto do documento definitivo, que segue sofrendo críticas dos representantes mundiais. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.

O FILÓSOFO

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