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terça-feira, 25 de outubro de 2011

A EXCLUSÃO SOCIAL NO BRASIL


Além de ter renda muito baixa, os QUASE 50 milhões de brasileiros considerados pobres - que ganham até meio salário mínimo - sofrem com outras conseqüências da miséria: têm pouco acesso a serviços essenciais, como saneamento básico e educação. A Situação da População Brasileira, pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cruzou dados de renda e outros indicadores sociais de 2001 para mostrar como a pobreza interfere na qualidade de vida da população.

Das pessoas que ganhavam até meio salário mínimo no ano passado, apenas 31,6% tinham acesso a esgoto, água e coleta de lixo, enquanto no grupo com renda superior a dois salários mínimos 86% eram beneficiadas com esses serviços. Na faixa dos mais pobres que moravam no Nordeste, esse porcentual era ainda menor, de 21,6%, ante 55,8% no Sudeste. Já entre os mais ricos, a proporção dos atendidos por rede de saneamento básico (que inclui os três serviços acima) chegava a 93,4% no Sudeste e 77% no Nordeste.

Em relação à escolaridade do brasileiro, as diferenças também eram grandes.

O IBGE pegou duas faixas: os 20% mais pobres e os 20% mais ricos da população. No primeiro grupo, apenas 26,9% das pessoas entre 18 e 24 anos freqüentavam a escola, ante 50,6% dos mais ricos. A pesquisa ressalta que, apesar de o acesso à escola das crianças de 7 a 14 anos estar praticamente universalizado (96%), a defasagem das mais pobres ainda é muito grande. Aos 7 anos, 18,7% das crianças de famílias com renda de até meio salário mínimo per capita estavam atrasadas. A defasagem atingia o máximo de 85% na faixa de 14 anos nesse nível de renda.

Nas famílias com renda per capita superior a dois salários mínimos, o atraso é bem menor: 9,3% das crianças com 7 anos e 29,6% das que têm 14 anos. A pesquisa lembra que, com um mercado de trabalho cada vez mais exigente, concluir o ensino médio é fundamental. "Contudo, não são muitos os brasileiros que conseguem atingir tal nível de escolaridade", diz o texto.

"Olhar esses cruzamentos é importante para entender o nível de exclusão social dessas famílias mais pobres", analisa Luiz Antônio Oliveira, chefe do Departamento de População e Indicadores Sociais do IBGE. "Os dados revelam como a pobreza não é só uma questão de renda e afeta muito as condições de vida das pessoas", completa Barbara Cobo Soares, técnica que apresentou a pesquisa.

"É difícil" - A instrumentadora cirúrgica Vilma Ribeiro da Silva, de 38 anos, conhece bem a disparidade salarial entre brancos e negros apontada pelo relatório. Ela é negra, tem 15 anos de profissão, recebe em média R$ 500 e não tem casa própria. "Minha amiga, que é branca e trabalha durante o mesmo tempo que eu, tem carro, não paga aluguel e consegue auxiliar mais médicos. Acho que, se eu fosse branca, trabalharia em mais cirurgias", acredita.

Vilma é filha de empregada doméstica e foi criada por 16 anos em orfanato.
Pagou o curso de instrumentadora com o salário do primeiro emprego, de copeira. "Fiz tudo o que disseram: passei um mês inteiro em hospital, esperando alguma equipe chegar de emergência sem instrumentador, distribuí currículo, mas nada acontece."

Ainda conforme o IBGE, 64% das famílias pobres chefiadas por mulheres têm como responsáveis negras e pardas. Mas quando o rendimento ultrapassa dois salários as negras são responsáveis por apenas 22,1% das famílias. Vilma faz parte desse grupo. Cria sozinha a filha Lara, de 2 anos e meio. O pai da menina, pescador, contribui esporadicamente com R$ 40 ou R$ 50. Há dois dias, a instrumentadora foi agredida pelo ex-companheiro e está sem poder trabalhar. "É tudo muito difícil. Às vezes ela pede um suco, mas falta laranja. As roupinhas não cabem mais. Fica tudo muito precário."

(Colaboração de Clarissa Thomé)

CONCLUSÃO

“Portanto, esta é, antes de tudo, a principal proposta do artigo: introduzir o leitor no mundo do livre-pensamento, da criticidade – do duvidar, pensar e, por fim, concluir racionalmente –, abandonando o hábito comum de aceitar e incorporar informações passivamente, sem antes pensar sobre elas de modo crítico, sem antes procurar descobrir se estas possuem alguma correspondência na realidade”.


 ADENDO DO:

O FILÓSOFO

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