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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

PIOR CEGO É AQUELE QUE NÃO QUER VER



Se as políticas fossem uma arte, os políticos vencedores teriam enchido os circos e se postariam nas platéias se deliciando com os espetáculos. Aí então os políticos teriam conseguido realizar, verdadeiramente, a consumação máxima do sentido do termo.


Por infelicidade, existe a esse respeito uma distância que se mantém em muitas biografias da terra sem nenhuma variação apreciável.

Considera-se sabido, segundo a definição corrente, que política não é uma arte de governar. Mas, se a política fosse uma arte, já se teria conseguido realizar. No processo histórico das sociedades humanas, desde os tempos imemoriais até o presente, percebem-se idênticas inquietudes e idêntico afã de alcançar as posições diretivas, enquanto as organizações sofrem os vai e vens das lutas partidárias. Uma vez composta, cada partido político proclama aos gritos, ante as doutrinas adversárias, a qualidade insuperável de seus postulados, e cada uma, por sua parte, trata de pressionar por todos os meios a seu alcance a decisão majoritária que haverá de lhe dar o triunfo que geralmente não passa de um engodo de seus autores.


Mais claramente, a política talvez for definida como a arte de chegar ao governo, pois a capacidade para desenvolver o processo do programa próprio até alcançar o fim proposto no campo da política não implica, de modo algum, a capacidade para guiar o processo proposto em suas campanhas eleitorais.

A arte de manusear as pessoas começa a aprendê-las no dia em que o político acende ao poder, sempre que as tarefas, problemas e conflitos que deve atender e cumprir as promessas feitas em função dos votos, começam a ter um enfrentamento que não lhes permitem exercer livremente, sem pressões estranhas à sua função, essa difícil arte a de cumprir com os tratos prometidos antes de sua ascensão ao poder.


A política suscita dissensões e temores, os quais raramente abandonam o governante, por mais bem intencionado que seja, porquanto as críticas ou as idéias contrárias às suas gestões de governo pareceriam impedir que se apague o fogo das paixões que mobilizaram e pressionaram as lides partidárias em plena efervescência eleitoral.

E é estranho, quase diríamos inverossímil, que um cidadão chegue a assumir um elevado cargo público sem se haver apoiado em forças populares nem contraído compromissos de todo tipo, e o conjunto dessas forças e compromissos depois reclama para si o poder de indicar rotas e decisões. Não se viu muitas vezes como os partidos políticos absorvem a vontade do Gestor público, impondo-lhe suas decisões e mandados? E pessoas a sua volta que estão recebendo altos salários com certeza não iram desmotivar o Gestor e lhe endereçar as verdades de seu governo, o oba, oba sempre existiu e sempre vai existir lógico esta que seus empregos estão em jogo. E não é por acaso que o fator de ser abandonado pelos que o levaram ao poder deveria fazer com que ele cedesse às suas exigências ou às daqueles que lhe prestaram seu concurso ou lhe serviram nos momentos febris da luta?


A nave da política deveria sulcar águas agitadas por tormentosas correntes, cada vez que um novo capitão empunha o timão, e é de muito séria gravidade para um barco que se acha às voltas com temporais, em alto-mar, que comecem também a se agitar seus tripulantes, seja por falta de víveres, seja por questões que nunca faltam e que eclodem, geralmente, quando as situações se tornam indefinidas.

Ceder às necessidades das forças populares que prestam seu apoio não implica dirigi-las, orientá-las ou encaminhá-las para finalidades superiores a sua gestão.

O sábio olha para suas bases e diz: “Meus pés estão em base segura”

O FILÓSOFO

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