SÓ PARA NOS RELEMBRAR ESTÁ NOSSA TRISTE HISTÓRIA, NUM PAÍS RECRIADO POR POLÍTICOS SEM ESCRUPULOS, QUE PROMETEM E NÃO CUMPREM E ATÉ NOS DEIXA SEM ÁGUA, NO MÍNIMO QUEREM QUE DEIXEMOS ESTE VÍCIO QUE É BEBER ÁGUA, TOMAR BANHO E FREQÜENTAR BANHEIRO QUE CHEIRE BEM.
Nascido no Piauí, Francenildo Costa era caseiro em Brasília. Em 2006, depois de confirmar que Antonio Palocci freqüentava regularmente a mansão que fingia nem conhecer, teve o sigilo bancário estuprado a mando do ministro da Fazenda.
Consumado o crime em Brasília, a direção da Caixa Econômica Federal absolveu liminarmente o culpado e acusou a vítima de ter-se beneficiado de um estranho depósito no valor de R$ 30 mil. Francenildo explicou que o dinheiro fora enviado pelo pai. Por duvidar da palavra do caseiro, a Polícia Federal resolveu interrogá-lo até admitir, horas mais tarde, que o que disse desde sempre era verdade.
Francenildo, hoje com 29 anos, não sabia quem era o homem que vira várias vezes chegando de carro à “República de Ribeirão Preto”. Informado de que se tratava do ministro da Fazenda, esperou sem medo a hora de confirmar na Justiça o que dissera no Congresso. Nunca foi chamado para detalhar o que testemunhou. Na sessão do Supremo Tribunal Federal que julgou o caso, ele se ofereceu para falar. Os juízes se dispensaram de ouvi-lo. Decidiram que Palocci não mentiu e engavetaram a história.
Francenildo ficou alguns anos sem emprego fixo. Palocci completou mais um dia, mais uma semana, mais alguns mêses e anos de silêncio: perdeu a voz, quando o país soube do milagre da multiplicação do patrimônio.
Livre de complicações judiciais, Palocci elegeu-se deputado, depois caiu nas graças de Dilma Rousseff, assumiu a chefia da Casa Civil, fez e desfez como primeiro-ministro. Atropelado pela descoberta de que andou ganhando pilhas de dinheiro como traficante de influência, tentou manter a todo custo o seu emprego. Talvez ainda consiga voltar a assumir altos cargos ganhando rios de dinheiro: desde 2003, não existe pecado do lado de baixo do equador. O Brasil dos delinqüentes cinco estrelas é um convite à reincidência.
Altos Companheiros de uma política suja, esse viveiro de gigolôs da miséria, recitam de meia em meia hora que o Grande Satã ianque é o retrato do triunfo dos poderosos sobre os oprimidos. Lugar de pobre que sonha com o paraíso é o Brasil que Lula inventou. Colocados lado a lado, o caseiro do Piauí ou a camareira da Guiné, lembram-se? Estuprada nos Estados Unidos gritam o contrário.
Se tentasse fazer lá o que faz aqui, Palocci teria estacionado no primeiro item do prontuário. Se escolhesse o País do Carnaval para fazer o que fez nos Estados Unidos, Strauss só se arriscaria a ser convidado para comandar o Banco Central. O azar de Francenildo foi não ter tentado a vida em Nova York. A sorte de Nassi Strauss faltou foi ter escapado de um Brasil que absolve o criminoso reincidente e castiga quem comete o pecado da honestidade.
O FILÓSOFO
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