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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

HOJE TROCA-SE LIVROS POR 'LEITURA DIGITAL'


Gerações anteriores só liam as obras cobradas pela escola; agora, a prática é diferente: são sites, redes sociais, SMS e e-mails

 

No bolso do jeans, um Blackberry. Na escrivaninha do quarto, um laptop. Dentro da mochila da escola, um iPod Touch com conexão wireless. Tudo ao redor dos jovens de hoje oferece conexão 24 horas por dia nas mais diversas redes sociais. Como deixar de lado todas as infinitas possibilidades que o mundo digital oferece e se dedicar à leitura de um livro, com suas centenas de páginas, cheias de palavras e letras inertes, exigindo concentração para serem decifradas?

Família conectada. Na casa de amigos, além do computador de uso comum, o marido e os três filhos têm cada um o seu notebook; Renato (à esq.) é o mais antenado.


Dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) divulgados nesta semana afirmam que a leitura não está entre as prioridades dos jovens de 15 anos. Nos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 46% dos estudantes afirmam que lêem apenas para obter as informações que precisam; 41% só lêem se forem obrigados; e 24% acham que ler é um desperdício de tempo. Apenas um terço disse que a leitura é um dos hobbies favoritos.

Apesar dos dados do Pisa, especialistas em educação e tecnologia discordam da idéia de que o aluno de hoje lê menos. Muito pelo contrário: afirmam que os adolescentes nunca leram tanto. A diferença é que, agora, não são só os livros que são "lidos", mas vídeos, sites, SMS, e-mails e uma gama imensa de informações. 


"O adolescente lê e escreve muito, comunica-se muito mais por escrito. As gerações anteriores liam só os livros da escola. Os alunos de hoje não: estão sempre se informando dentro dessa vida social digitalizada".

O que perdeu espaço na vida dos alunos não é o hábito de ler, mas a leitura formal que os livros, por exemplo, oferecem. "O texto existe, só que de outras formas, e agora oferece acesso amplo e irrestrito. A leitura digital é mais lúdica e interessante porque não é linear e permite uma liberdade multimidiática". 


Trocar SMS com os amigos, postar no Twitter e ver recados no Facebook são atividades mais prazerosas que ler um clássico literário porque dão mais autonomia. "Se cansar do site em que está navegando, é só abrir um outro link. Não precisa mais ler página por página, na ordem. Por isso, o que o aluno está perdendo é a paciência, não a concentração".


O maior desafio do aluno é lidar com a diversidade de estímulos que recebe de todos os lados - o que não significa que ele esteja mais distraído, afirmam especialistas. "O adolescente tem de prestar atenção em várias coisas ao mesmo tempo. Ele é multifocal e deve se dividir por vários canais".

Dar atenção a várias mídias sem perder o interesse no conteúdo de cada uma delas é o que acontece hoje com os atuais alunos.

Aptidões perdidas. Para os educadores, a falta de interesse pela leitura formal pode levar à perda da habilidade de se concentrar quando necessário. "O aluno não consegue mais ler um texto inteiro. Ele não cria essa habilidade porque não precisa mais dela".

Ainda é cedo para afirmar o quanto isso pode ser prejudicial no futuro. Mas os especialistas alertam: ler apenas o essencial e aquilo que interessa pode levar à perda da aptidão para analisar situações com mais profundidade. "O aluno sabe de tudo o que acontece, mas não aprofunda o conhecimento dos fatos", A dúvida é: até que ponto essa abordagem generalista é benéfica?”.

VANTAGENS E DESVANTAGENS

Leitura formal


Para os educadores, ler os livros clássicos faz com que as crianças e os alunos consigam formar referências culturais e, portanto, sejam capazes de aprofundar o conhecimento sobre o mundo e analisar os fatos de modo mais profundo. No entanto, a leitura dos materiais impressos, como também são os jornais e as revistas, são arbitrárias e não permitem a interação do leitor com a informação, que é sempre linear.

Leitura digital


Para os educadores, a possibilidade de ter contato com várias mídias ao mesmo tempo (como vídeo, áudio, imagem e texto) é o grande trunfo das novas tecnologias. O jovem consegue se comunicar de diversas formas e, por essa razão, nunca leu e escreveu tanto. Porém, ao dividir a atenção entre tantas mídias, o adolescente pode perder a capacidade de focar seu interesse em uma só coisa, prejudicando a concentração.


PRESTE ATENÇÃO...
 

1. Jornais. Assinar jornais é uma opção para motivar a leitura. Educadores sugerem que os pais comentem reportagens interessantes com as crianças.

2. Revistas. Comprar revistas para adolescentes, com temas do interesse dos alunos, pode ser um bom começo para exercitar a concentração.

3. Revistas em quadrinhos. Gibis são uma boa idéia para incentivar crianças muito pequenas a ler, porque contêm imagens e mensagens curtas.

4. Livros clássicos. Os pais devem dar o exemplo aos filhos, lendo bons livros e sempre deixando à vista, em casa, os clássicos da literatura.

5. Livros para adolescentes. Obras de ficção e de ação - inclusive best sellers - são de fácil leitura e costumam agradar crianças de todas as idades.

6. Sites. É ideal que os pais acompanhem o conteúdo das páginas em que os filhos navegam, para evitar a exposição a crimes virtuais, rede social adulta (Imundice da Internet). 


O FILÓSOFO

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