"Vermes que corroem o corpo do Estado".
(Thomas Hobbes)
Para Platão, a sociedade democrática cometia um grande erro ao submeter à escolha dos seus governantes à veneta do povo. No entendimento dele, a nau do governo deveria ser sempre conduzida por um CAPACITADO, por um hábil timoneiro, e não por alguém selecionado aleatoriamente entre a tripulação.
O ideal de Platão
O ideal do pensador era o governo do rei sábio, de alguém indicado à regência da sociedade por sua inteligência e conhecimento, perfeitamente capaz de conduzi-la pelo caminho do bem, do belo e do justo.
Feita uma ampla seleção pela educação e classificação das almas, o poder deveria ser sempre exercido por um FILÓSOFO, um amante da sabedoria capaz de discernir perfeitamente o que é melhor para o povo.
Todavia, o que imperou ao longo da história dos regimes políticos não foram os critérios do filósofo. Na sua larga parte, as sociedades da Idade Antiga e Medieval eram governadas pelos privilégios do sangue ou da casta a qual o dirigente pertencia. Nobres ou aristocratas, através dos séculos, consideravam os assuntos públicos como pertinentes a sua esfera de responsabilidade, tratando as coisa do governo e suas instituições como extensões dos seus interesses privados, “Do poder pelo poder”.
Nas sociedades menos civilizadas, a escolha dos gestores mede-se pelos seus atributos no terreno da fortuna: o Político tem que ser um abastado e benevolente.
Quem deveria ascender ao poder gerencial geral dos assuntos públicos deveria ser os que demonstram talento. Não importando mais os argumentos das famílias dos coronéis e das antigas prerrogativas herdadas de tempos passados. As esferas superiores da sociedade abrir-se-ia assim aos que tem algum mérito, não mais se levando em consideração se a origem era ou não fidalga.
Com o enorme crescimento do corpo de funcionários públicos no Estado Moderno, uma imensa máquina burocrática ("gigante controlado por pigmeus", segundo Honoré Balzac) passou a gerir praticamente todos os aspectos da vida dos cidadãos. Mesmo naqueles de forte tradição liberal, como é o caso dos Estados Unidos. Assim sendo, criou-se uma clara dicotomia dentro da sociedade atual: o setor privado claramente se baseia no critério da meritocracia, sendo que cada empresa decide de que modo valoriza os seus talentos (em geral, aumentando-lhes os salários e dando-lhes bônus, o que não acontece no setor público e geral o emperramento da máquina administrativa), por este motivoo setor público, fortemente monopolizado pelas corporações de funcionários, aferra-se à mediocracia.
Esta diferença também se reflete na eficiência, sendo que o setor privado se gaba de ser a vanguarda produtiva e criativa, enquanto que o corpo do funcionalismo público é visto como um enorme paquiderme ineficiente e sem imaginação.
Resultante disto, para tentar emparelhar um setor com o outro, hoje há uma enorme pressão da sociedade sobre a máquina burocrática para que adote a meritocracia no lugar da conservadora mediocracia. Será uma batalha longa, pois o setor público funciona pelas leis da inércia e não pelas leis da dinâmica.
O FILÓSOFO
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