O Piauí e a Bahia são os Estados brasileiros mais
afetados pela seca em 2012. Cidades do Nordeste do país tiveram reconhecidos
entre janeiro e abril deste ano quase três vezes mais decretos de situação de
emergência em comparação com o mesmo período do ano anterior: são 417 em vez de
112, um aumento de 272%. Em 2012, além da Bahia, já com 169 decretos, o Piauí
aparece com 78 reconhecimentos por emergência.
Este é o maior número dos últimos 5 anos. Esse
total ultrapassa, também, os decretos na região em todo o ano de 2011, quando
houve 297. Os dados levam em conta apenas os decretos aceitos pela Secretaria
Nacional de Defesa Civil (Sedec) e publicados no "Diário Oficial da
União".
Os decretos, que em sua maioria tratam de enchentes
e estiagem, precisam ser reconhecidos pela Secretaria Nacional de Defesa Civil
para que sejam contabilizados no balanço nacional e haja liberação de verba de
auxílio federal. O prazo para decretar a emergência é de dez dias a partir de
seu início, mas o pedido precisa ser analisado pela secretaria antes do
reconhecimento e publicado no Diário Oficial, o que pode demorar meses.
Em 2012, a secretaria contabiliza 381 cidades
em um total de 417 decretos reconhecidos por emergências como enxurradas,
enchentes e, principalmente, estiagem, entre os meses de janeiro e abril em
todo o Nordeste. Nos quatro primeiros meses de 2011, a Sedec reconheceu
emergência em 110 cidades, 3,46 vezes menos do que no mesmo período deste ano.
O número de 2012, no entanto, já é bem maior.
Enquanto as estatísticas nacionais apontam 169 decretos reconhecidos e
publicados no Diário Oficial na Bahia para 167 municípios, o governo estadual
já contabiliza 228 cidades em emergência, na que é considerada a pior seca dos
últimos 47 anos. Rio Grande do Norte tem 139 decretos reconhecidos neste ano
pelo Diário Oficial da União, todos em abril.
Nesta sexta (4), Pernambuco teve 49 municípios em
emergência reconhecidos de uma só vez no Diário Oficial -- a Sedec oficializa 6
decretos. Apenas com esses novos registros da BA e de PE, o total já ultrapassa
o de todo o ano de 2011 (297).
Municípios e estados podem apresentar decretos de
emergência ou calamidade pública sempre que sua capacidade for afetada por
desastres relacionados a chuvas, estiagem ou algum outro tipo de fenômeno
natural.
Os decretos de situação de emergência são
apresentados quando há comprometimento parcial do local afetado e os de
calamidade, quando há substancial perda do poder do estado de responder ao
desastre. Com o reconhecimento, as cidades podem receber verba para
determinadas ações emergenciais e gastar o dinheiro sem necessidade de
licitações ou planos de trabalho.
Ano anterior
Em comparação com 2011, os números mostram que a
seca tem afetado o Nordeste (especialmente a Bahia e o Piauí) com muito mais
intensidade.
A Sedec reconheceu emergência em 110 cidades de
janeiro a abril do ano passado. Foram 245 cidades com reconhecimento de
emergência durante todo o ano. Contando apenas a estiagem, a Bahia foi o estado
mais atingido, com um total de 43 decretos reconhecidos (bem menos do que neste
ano).
Previsão pessimista
Segundo nota técnica do Instituto Nacional de
Meteorologia (Inmet), duas cidades da Bahia não registraram uma gota de chuva
no mês de março: Irecê e Paulo Afonso. Em Petrolina (PE), houve apenas um dia
de chuva. “Esse período de seca vai se estender pelo menos até outubro, com
pouca ou nenhuma chuva”, afirma Mozar de Araújo Salvador, meteorologista do
instituto.
Segundo ele, a explicação é uma “disputa” entre os
oceanos Atlântico e Pacífico. De um lado, há o fenômeno Lá Niña,
“um resfriamento das águas do Oceano Pacífico
tropical, que causa chuva na região tropical”.
Do outro, um sistema que causa chuva perto da
região do Equador chamado de zona de convergência intertropical, afetada pelo
Oceano Atlântico e que costuma favorecer a precipitação no Nordeste.
De acordo com o meteorologista, o sistema ficou
muito acima do Equador, causando, assim, mais chuvas no Norte do Brasil e
“desfavorecendo a formação de nuvens no Nordeste”. “Nessa disputa de forças
entre os oceanos, o Atlântico dominou a situação porque influencia diretamente
no Nordeste brasileiro”, diz o meteorologista. “A situação vai ser grave porque
a região vai entrar no período chuvoso já com déficit de chuva”, complementa.
O FILÓSOFO
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