Tudo que
o homem não conhece não existe para ele. Por isso o mundo tem, para cada um, o
tamanho que abrange o seu conhecimento.
Diretora de centro que rastreia
financiamentos AFIRMA que crise em Teerã pode limitar ajuda.
O governo do Irã separa cerca de US$ 30 milhões de seu orçamento anual para
ajudar militantes palestinos do Hamas e da Jihad Islâmica, afirma Nitsana
Darshan-Leitner, diretora do Shurat HaDin - Israel Law Center, uma instituição
que trabalha rastreando e processando bancos que participam do trâmite de
financiamento de grupos na Faixa de Gaza. Em entrevista ao GLOBO por telefone,
ela ressaltou não acreditar que o Hamas esteja desenvolvendo aviões não
tripulados, mas que use boa parte de sua verba na produção de foguetes e compra
de mísseis. Para ela, uma incursão israelense por terra pode acontecer nos
próximos dias se um acordo não for alcançado.
O
Hamas está desenvolvendo aviões não tripulados como afirmou a mídia israelense?
Em que estágio estaria essa produção?
- Não
acredito que o Hamas esteja desenvolvendo aviões não tripulados. O que eles têm
feito é atacar com mísseis de longo alcance, que vêm do Irã e da Síria (antes
da guerra no país começar), eles são obtidos pelo tráfico de armas, e com os
foguetes Qassam, que são produzidos na própria Faixa de Gaza.
O Irã
financia essa produção?
- O Irã
financia publicamente esses grupos. Ele não esconde isso. Está no orçamento
anual do país, isso é um dado público. A ajuda é de cerca de US$ 30 milhões por
ano, mas não acredito que vá continuar doando tanto dinheiro por causa da
situação financeira. Os iranianos estão com medo disso, de perder o controle dessa
situação por causa do crescimento da Jihad Global, que está controlando outros
grupos pelo mundo. Essa ajuda tem se tornado difícil, pois não há mais sistema
bancário na Faixa de Gaza. As instituições financeiras têm medo de participar
de uma rede que forneça dinheiro aos militantes. Bancos americanos têm que
obedecer às leis dos EUA, que proíbem isso, e outros também não querem ser
processados. Tendo em conta essa dificuldade, o governo iraniano tem entregue a
ajuda em dinheiro vivo. Uma autoridade iraniana encontra um líder do Hamas e
lhe entrega o dinheiro em uma maleta.
Como
é o processo contra os bancos que participam do envio de dinheiro para os
militantes palestinos?
- Nós
conseguimos provas e informações e entramos com um processo na Justiça internacional
contra as instituições que estão conscientes do que estão fazendo. Nós
conseguimos congelar bens, contas e o banco eventualmente têm que pagar uma
multa de milhões. Ele acaba sendo persuadido a não participar do trâmite
novamente. Funciona como nos casos do Bank of China, UBS e do Arab Bank.
Como
as armas são produzidas?
- De forma
bastante artesanal. Os palestinos utilizam canos e material que têm na região.
Muitos morrem em acidentes de trabalho. Para atirar, é muito simples: é só
colocar em cima do ombro e disparar. O armamento é leve, mas não tem longo
alcance.
E os
mísseis de longo alcance, como são adquiridos?
- Esses são
muito planejados e não são produzidos em Gaza. Eles são produzidos por Irã e
Síria - antes da guerra civil - e mandados para o Sudão, de onde seguem para o
Egito e entram na Faixa de Gaza pela fronteira. O lançador também é muito
grande, do tamanho de um caminhão, e entra também pelo tráfico da fronteira com
o Egito. Para saber usar essas armas, os militantes são treinados por agentes
iranianos, sírios ou do Líbano (do Hezbollah). Alguns militantes vão até o Irã,
outras vezes os iranianos vão à Faixa de Gaza.
Os
ataques de Israel a alvos específicos são a preparação para uma investida
terrestre? A morte de civis já era esperada?
- Sim, Israel
está fazendo uma preparação. Está fazendo bombardeios a sedes militares para
caso tenha que fazer uma operação por terra contra as organizações que estão
bombardeando seu território. Israel está bombardeando onde essas armas são
produzidas e sedes militares dos militantes palestinos. Infelizmente, por mais
precisos que sejam os ataques, há a morte de civis, pois os terroristas se
escondem em meio à população.
Em
quanto tempo você acredita que haverá uma operação por terra?
- Se o Hamas
não parar de bombardear Israel, a entrada do Exército pode acontecer nos
próximos dois dias. Os líderes de ambos os lados estão negociando agora no
Egito. Se não houver mais bombardeios em Israel, não haverá a necessidade de
uma operação por terra, mas um acordo terá que ser atingido. Um ponto que será
importante para os palestinos será a diminuição de bloqueios nos envios de
materiais, incluindo o transporte marítimo. Israel terá que pensar bem se abre
mão do bloqueio, pois ele diminui a entrada de armamento e de militares em
Gaza.
ENTREVISTA:
Nitsana Darshan-Leitner é diretora do Shurat HaDin - Israel Law Center.
O FILÓSOFO
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