Eles
vivem na Faixa de Gaza e, além dos elos com o Brasil, têm em comum o fato de já
serem veteranos de guerra. Depois de sobreviver às dificuldades e ao medo
provocados pela GUERRA de quatro anos atrás, os brasileiros de Gaza revivem o
drama - e a clausura - daqueles dias. Moradora de Deir el-Balah, a professora
Huda Salim, de 47 anos, está há seis dias sem sair de casa. Tem medo. A
ofensiva desta vez está pior, garante ela. Mas a atitude dos palestinos é
outra.
O povo está mais tranqüilo porque sabe
que está trabalhando um cessar fogo. Da outra vez, fomos pegos de surpresa;
hoje nos sentimos mais seguros - diz ela.
Huda morou
por 21 anos em Duque de Caxias e voltou a Gaza em 2006. Não tem cidadania, mas
é dona de um passaporte amarelo, destinado a estrangeiros legalmente
registrados no Brasil.
- A gente
sofre muito aqui. Não gosto do Hamas, na hora da guerra, nós é que somos
massacrados. Não quero que meus filhos passem por isso, nem os filhos deles
(israelenses). Sentimos-nos iguais. Mas se Deus quiser, torço pelo cessar-fogo,
nós todos podemos ser bons vizinhos. Só falta respeito mútuo.
Israel bloqueou nesta sexta-feira as principais rotas em torno da Faixa
de Gaza, e declarou "zona militar fechada", em resposta aos ataques com
foguetes a partir do território palestino.
"Há uma zona militar
fechada", afirmou um porta-voz, que explicou que a estrada 232, a rota
10 e parte da rota 4 foram fechadas ao tráfego não militar. "São as
principais estradas em torno da Faixa de Gaza", confirmou."
Filho mais
novo de Huda e estudante de Engenharia Civil, Mohamad al - Assar, de 21 anos,
sente saudades do Brasil. Com as aulas suspensas, ele se diz acostumado com a
situação. Mas teme o futuro.
- Tenho
vontade de sair daqui, mas não posso deixar minha família. Se fosse no Brasil,
eu sabia que iria estudar e ir para o magistério ou trabalhar. Aqui não sei se
vou terminar a faculdade, se vou trabalhar, não sei nem se vou viver. Futuro
aqui é uma palavra complicada.
Na Cidade de
Gaza, capital da Faixa de Gaza, o comerciante Omar al-Jamal, de 60 anos, também
pensa em voltar. Nascido em Gaza, morou no Rio durante 33 anos e se naturalizou
brasileiro. Em 2006, foi a Gaza cuidar do inventário dos pais falecidos e
acabou ficando preso na região, com a ascensão do Hamas ao poder e o conseqüente
bloqueio imposto por Israel.
- Está tudo
fechado. Não vamos trabalhar, ficamos em casa porque não se sabe onde vai cair
a próxima bomba. Só saio rapidamente para comprar alguma coisa em algum
mercadinho pequeno, nos arredores. À noite, os bombardeios ficam piores, não dá
para dormir. Ainda vendo tudo e volto para o Rio - garante ele, que é casado e
com uma filha de apenas um ano e quatro meses.
O FILÓSOFO
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