Rastilho de pólvora – Na época em que liderava de forma estridente a oposição, Luiz Inácio da Silva sempre defendeu o direito de greve dos servidores públicos.
Os anos se passaram e Lula mudou o discurso, e parece que todos mudam, logo após chegar ao poder central, onde permaneceu durante oito anos, período em que teve tempo para cumprir as promessas de melhoria salárial para toddos os brasileiros, tempo ele teve e prometeu à vontade.
No último final de semana, muitos brasileiros e me incluo nesta proposta esperavam de Lula uma manifestação de apoio aos bombeiros militares do Rio de Janeiro, que há meses tentam, sem sucesso algum, negociar com o insensível e desumano governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) um aumento salarial. Mas o ex-presidente preferiu o silêncio, pois do contrário cairia em desgraça por conta de suas intermináveis promessas.
Atualmente recebendo R$ 950, os bombeiros pleiteiam salário líquido de R$ 2 mil. Por conta da rebelião patrocinada por 439 integrantes do Corpo de Bombeiros, que na sexta-feira (3) invadiram o quartel central da corporação, Cabral Filho determinou a prisão dos revoltosos.
O governador fluminense cumpriu a lei ao ordenar a prisão dos revoltosos, mas errou com largueza ao chamar de “vândalos” aqueles que de maneira justa buscam melhores salários.
Que Sérgio Cabral Filho é um incompetente que submerge nos momentos de dificuldades e ressurge fantasiado de gênio quando há uma oportunidade sórdida todos sabem, mas é no mínimo vandalismo do pensamento querer que alguém por míseros R$ 950 arrisque a própria vida para salvar a de terceiros.
O triste episódio do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro acirrará ainda mais a discussão da PEC 300, que cria um piso nacional de salário para policiais e bombeiros militares de todo o País, matéria aprovada em primeiro turno na Câmara dos Deputados.
O assunto ganhou destaque meses antes das eleições de 2010, mas era sabido que no retorno das atividades parlamentares a matéria cairia no limbo legislativo, principalmente porque o governo federal não tem como honrar a promessa feita por Lula da Silva, que garantiu aos estados a criação de um fundo para o pagamento dos novos salários nos primeiros dois anos.
Diferentemente do que esperavam os policiais, a PEC 300 transformou-se em instrumento de ameaça dos partidos da base aliada, sempre acionado quando o Palácio do Planalto não contempla os interesses dos que trocam a genuflexão política por cargos e favores.
O FILÓSOFO
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