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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

LETRAS ESCARLATES, ESTRELAS AMARELAS



Os primeiros sinais já tinham sido ouvidos ora aqui ora acolá, mas o fenômeno ganhou força, de fato, após a entrada da banda chicana.

Ele atende por um nome simples: tolerância.

E se traduz na capacidade de ouvir e respeitar uma opinião contrária, de responder um argumento com outro, a tratar quem tenha ponto de vista diferente do seu não como inimigo, mas sim como semelhante. Esse fenômeno tomou conta das redes sociais, das seções de carta dos jornais, das rodinhas de bate-papo, transformando tudo em um Corinthias X São Paulo (Corinthians vencedor é claro) ideológico onde a ordem é ofender, atropelar, calar quem pensa diferente. Para definir o fenômeno, tolerância é a palavra menos ofensiva.


Depois de tantos descaminhos causados por ela no século 20, será a tolerância a cara deste século 21?

Apagão. Uma rápida olhada nos sites e nas redes sociais serve para constatar que a lição iluminista de Voltaire foi enterrada.

“Não concordo com as suas palavras, mas defendo até a morte seu direito de dizê-las”,

disse Francois-Marie Arouet, cunhando um pensamento-chave do que viria a se tornar o moderno Estado Democrático.

Coitado: no Corinthians X São Paulo ideológico, Voltaire foi para a cucuia.

Campo Maior é uma cidade dividida em grupos inimigos, não mais só adversários políticos –com idéias diferentes, sim, mas parceiros no jogo democrático.


Voto. Esse clima pode contaminar as eleições municipais (Eu disse contaminar... Não atrapalhar). Seja favorito o PSDB, o PT ou qualquer outro pê da sopa de letrinhas partidária brasileira, Campo Maior tem o desafio de definir, tendo como baliza a eleição de 7 de outubro, um novo modelo de cidade.

Debater isso em clima de futebol do Egito é o fim da picada.

As lideranças dos principais partidos desta disputa têm a responsabilidade de evitar isso.

Ou a intolerância vai ganhar terreno. Em breve, quem pensar diferente vai ganhar uma inicial –virtual ou não– bordada em vermelho na roupa, como em ‘A Letra Escarlate’, o romance de Nathaniel Hawthorne, levado ao cinema por Roland Joffé em 95, com a bela Demi Moore.

Nestes dias de carnaval, pode até parecer fantasia.

Não é. Letras vermelhas impostas pela fé, estrelas amarelas impostas pelos nazistas. Não importa cor ou forma, a intolerância, monstro insistente, ignora que em sociedade somos diferentes, embora sejamos, por princípio, todos iguais.

O FILÓSOFO

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