Estudo feito pela ONG Todos pela Educação, divulgado nesta terça-feira - dia 7 -, mostra que o Brasil ainda possui 3,8 milhões de crianças e jovens entre 4 e 17 anos de idade fora da escola. No Piauí, segundo levantamento, 50.602 não tiveram acesso à Educação no ano passado. Os números da pesquisa "De olho nas metas de 2011" reforçam as discussões pela qualidade educacional no país e fazem uma alarmante estimativa: se governo e sociedade não acelerarem o ritmo de melhora da Educação, os brasileiros não terão vida digna e autônoma.
No Estado o maior problema concentra-se na faixa etária de 15 a 17 anos. A rede ensino alcança 85,5% desse grupo, sendo 26.711 adolescentes longe das salas de aula. Na pré-escola, estima-se que 11.149 crianças de 4 a 5 anos estão fora da escola, com taxa de atendimento estadual de 89,3%. Com base nos números do Censo 2010 - realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística, o Ibge - a ONG levantou que 12.742 crianças de seis a 14 anos não tiveram oportunidade de ingressaram na Educação Básica. Dessa faixa etária, 97.6% dos jovens estão matriculados e frequentando as salas de aulas.
O aumento nas taxas de acesso a escola foi de 9,2% nos últimos dez anos, revelou a pesquisa. Dos 810 mil jovens e crianças (de 4 a 17 anos) no Piauí, 767.522 estudam. Por regiões, o Sudeste detém os maiores números absolutos de crianças e jovens de 4 a 17 anos fora da escola, com mais de 1,2 milhão de indivíduos fora dos sistemas de ensino. Já o Centro-Oeste tem o menor total de indivíduos fora da escola com 325,9 mil. Ainda nos números, em termos proporcionais, o Norte tem 12,2% da sua população de 4 a 17 anos ausente do sistema de ensino básico. Em seguida estão: Sul (9,8%), Centro-Oeste (9,6%), Nordeste (7,8%) e Sudeste (7,3%).
O Todos Pela Educação é um movimento da sociedade civil, fundado em 2006, com a missão de "contribuir para a garantia do direito de todas as crianças e jovens a Educação Básica de qualidade no Brasil". O prazo para cumprimento do objetivo é até 2002, data do bicentenário da Independência do país. A ONG propõe cinco metas: toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola; toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos; aluno com aprendizado adequado a sua série; jovem com Ensino Médio concluído até 19 anos e investimentos em Educação ampliado e bem gerido.
Taxa de atendimento educacional no Piauí é de 93,8%
Segundo as diretrizes do Todos Pela Educação, a meta 1 estabelece que 98% das crianças e jovens de 4 a 17 anos estejam matriculadas nas escolas e frequentando regularmente as aulas até o ano de 2022. No ano de 2010, de acordo com os dados da pesquisa divulgada nesta terça, nenhum estado cumpriu a meta determinada pela ONG.
Nos últimos dez anos, a taxa de atendimento no Piauí cresceu de 84,4% para 93,8%. A meta estimada pela Organização era de 94,5%. Em números absolutos, o estado que tem mais crianças e jovens a incluir no sistema de ensino é São Paulo, com mais de 607 mil potenciais estudantes fora da escola. Na sequência, aparecem Minas Gerais (363.981 crianças e jovens fora da escola) e Bahia (277.690).
De acordo com analistas da pesquisa, as taxas de acesso à Pré-Escola permanecem em patamares aquém do estabelecido pelas metas. Cabe aos gestores da área a resolução "do problema do atraso escolar, causado principalmente pelo ingresso tardio, pela repetência e pelo abandono", considerou o estudo.
Outro destaque do levantamento refere-se aos municípios que atingiram as metas. No Piauí, 39.9% das cidades cumpriram as exigências na disciplina de Português no 5° ano do Ensino Fundamental. Em Matemática, a percentagem foi maior: 62,8%. Na última série do ciclo fundamental, a situação inverteu-se. 68,9% dos municípios obtiveram resultados positivos na Língua Portuguesa. Pouco mais de 30% apresentaram indicadores satisfatórios.
87,4% dos alunos do Piauí que entram no Ensino Médio não sabem Matemática
O levantamento da ONG mostra ainda que em 56,1% dos municípios brasileiros, os alunos do 9º ano do ensino fundamental da rede pública de ensino (federal, estadual e municipal) não aprendem o conteúdo adequado para sua série na disciplina de matemática. O índice corresponde a 3.117 cidades, de um total de 5.557. Até 2022, a meta do estudo é garantir que 70% ou mais dos alunos terão aprendido o que é adequado para sua série. No Piauí, os dados mostram um índice preocupante: 87,4% dos alunos do Piauí que entram no Ensino Médio não sabem Matemática, ou seja, não possuem nível satisfatório na resolução de problemas ou contas. Para chegar aos índices foram usados dados da Prova Brasil 2005, 2007 e 2009 fornecidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
No 5° ano do Ensino Fundamental, o Piauí superou a meta estimulada pela Organização: 23,5% tiveram desempenho satisfatório na disciplina de Língua Portuguesa e 19,4%, em matemática. A mesma situação foi analisada no 9° ano, no ponto de vista da leitura. 20,5% conquistaram bom desempenho. A meta era de 14,7%.
Todas as capitais atingiram a Meta 3 de 2009 para o 5º ano do Ensino Fundamental em matemática e para o 9º ano do Ensino Fundamental em Língua Portuguesa. Entretanto, a maior parte delas não cumpriu as metas, no 5º em Português e no 9º ano em Matemática. Em Teresina, os indicadores ficaram da seguinte forma: no 5° ano, em português, 37.9% obtiveram aprendizagem da disciplina. Em matemática, o índice chegou a 34,8%. No 9° ano do Ensino Fundamental, a Língua Portuguesa teve desempenho esperado de apenas 11,2%. Já na resolução de problemas, 24.7% conseguiram a meta recomendada pela Organização.
Em Língua Portuguesa para o Ensino Médio, apenas o Piauí não atingiu as metas para 2009. O Estado obteve 16,2% de aprendizado desejável, bem abaixo dos 20,2% esperados. As demais unidades da federação atingiram ou superaram os objetivos. O menor percentual de alunos com aprendizado adequado em língua portuguesa foi registrado no Maranhão (16,1%); o maior, no Rio Grande do Sul (45,1%). Já em Matemática, a situação é catastrófica. Nenhum estado superou ou atingiu a meta estimada. Apenas 6,7% dos alunos piauienses atingiram nível de aprendizado satisfatório. A meta da ONG era de 18,2%.
34,3% dos jovens piauienses concluem o Ensino Médio até 19 anos
A quarta meta da ONG Todos pela Educação estipula que até 2022, 95% ou mais dos jovens brasileiros de 16 anos deverão ter completado o Ensino Fundamental, e 90% ou mais dos jovens brasileiros de 19 anos deverão ter concluído o Ensino Médio. Hoje, a realidade é diferente. A taxa nacional de conclusão chega a 63,4%, nas primeiras séries da Educação Básica e, 50% no Ensino Médio.
Na pesquisa, o Distrito Federal detém a maior taxa de conclusão do Ensino Fundamental, com 82.2% de alunos concluindo a etapa até os 16 anos. Já o maior percentual de concluintes do Ensino Médio até os 19 anos foi registrado em Santa Catarina (69,1%). A menor taxa de conclusão do Ensino Fundamental foi observada em Alagoas, onde 36,4% dos alunos o concluíram até os 16 anos.
No Piauí, 40.6% conseguem terminar as séries do Ensino Fundamental. Já, 34.3% dos jovens logram êxito nos três últimos anos da Educação Básica. Segundo a pesquisa, os números refletem os indicadores do atraso escolar fruto da entrada tardia na escola ou da repetência. Esses fatores estão relacionados ao acesso a escola, abandono e aprendizagem inadequada.
Diretores cobram "política estruturante" para acesso à educação
Os 3,8 milhões de crianças e jovens excluídos da escola fizeram a diretoria da ONG Todos Pela Educação cobrar uma política estruturante para o país. "São aqueles que estão no campo, em favelas, em bairros muito pobres ou evadidos", afirmou Priscila Cruz, diretora executiva da Organização.
Ela alertou para o risco de as cinco metas não serem atingidas. A primeira delas é chegar a 98% dos alunos matriculados, em 2022. "A gente tem um risco muito grande de essas metas não serem atingidas caso não haja uma política estruturante [para o setor] muito forte em nível nacional e, principalmente, nos estados e municípios, que são os responsáveis pela educação básica", advertiu Priscila.
O FILÓSOFO
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