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quinta-feira, 28 de abril de 2011

PROGRAMA NUCLEAR BRASILEIRO


O programa nuclear brasileiro avança, apesar da repercussão negativa do acidente na usina japonesa de Fukushima, mas a Eletronuclear, estatal encarregada de construir e operar usinas atômicas no país, revê os sistemas de emergência das centrais em operação, informou à AFP um especialista da empresa.

O Brasil tem duas usinas nucleares em atividade na região de Angra dos Reis, balneário 150 km ao sul do Rio, e uma terceira em construção no mesmo local, com conclusão prevista para 2015.

Angra 1 está ativa desde 1985, com capacidade para gerar 657 megawatts (Mw). Angra 2, funcionado desde 2001, pode produzir 1350 Mw. Juntas, geraram 32% da energia consumida no estado do Rio e 3% da produzida no país em 2010.


Angra 3 poderá gerar 1405 Mw e o governo estuda construir de quatro a oito novas termonucleares para atender à demanda energética do país até 2030.

Segundo José Manuel Diaz Francisco, coordenador de comunicação e segurança da Eletronuclear, a tecnologia dos reatores usada no Brasil é mais segura do que a da central japonesa atingida pelo terremoto seguido de tsunami em 11 de março.
"A tecnologia usada no Brasil é chamada PWR (reator a água pressurizada na sigla em inglês). No Japão, é a BWR (reator a água fervente). Temos um isolamento dos dois circuitos que eles não têm", afirmou Francisco.

Apesar das diferenças, o acidente japonês aumentou as exigências por segurança no Brasil.

"Já tínhamos ações em andamento, mas Fukushima está acelerando estas ações", explicou Francisco.


Ele destacou o projeto de construção de uma pequena central hidroelétrica a fio d'água (nr: que gera energia com o fluxo da água dos rios) para servir de alternativa à alimentação externa e aos geradores a diesel para casos de emergência.

Angra 3 poderá gerar 1405 Mw e o governo estuda construir de quatro a oito novas termonucleares para atender à demanda energética do país até 2030.

Também se estuda a construção de quatro píeres para servir de rota de fuga para o mar, em caso de comprometimento das estradas da região que integram o plano de escape, mas sofrem interrupções por deslizamentos freqüentes.

Para Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de energias renováveis do Greenpeace Brasil, estas medidas são insuficientes.

"A questão da pequena central hidrelétrica é que, como o projeto é a fio d'água, como garantir o abastecimento em caso de necessidade sem um reservatório?", questionou.


"Concordo que o impacto dos deslizamentos afeta principalmente a rota de fuga. A multiplicação de rotas de fuga é uma demanda antiga, desde Angra 1, 26 anos atrás. Píeres podem ajudar, mas atenderiam a uma pequena parcela da população, que conseguiria ter acesso ao local", disse.

Na segunda-feira, ambientalistas protestaram em frente à sede do BNDES, que deve financiar mais de 60% da construção de Angra III, calculada em 9 bilhões de reais (US$ 5,8 bilhões).

"Pedimos a suspensão deste empréstimo. O Brasil tem meios de substituir a energia nuclear por fontes renováveis, mais seguras, como a biomassa e a energia eólica", disse Baitelo.

Para o Greenpeace, este é o momento para que o governo revise o plano de construir novas usinas nucleares - de 4 a 8 até 2030 de acordo com o Plano Nacional de Energia.

Segundo fontes do setor nuclear, o ponto nevrálgico do programa nuclear brasileiro é definir com precisão o depósito final de rejeitos radioativos.

 produto da fissão nuclear, são armazenados em piscinas boradas (o boro é um elemento químico capaz de neutralizar a radioatividade) anexas aos reatores de Angra 1 e Angra 2.

Os de baixa e média atividade (roupas e instrumentos de trabalho contaminados por radiação) são compactados e armazenados em tambores de aço no centro de gerenciamento de rejeitos.

Para Laércio Vinhas, diretor de radioproteção da Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear), órgão regulador do setor, estuda-se a criação de um repositório definitivo de rejeitos de baixa e média atividade, talvez operacional entre 2015 e 2017, mas a definição do local depende de requisitos técnicos, políticos e sociais.
"Estes rejeitos poderiam ser destinados a regiões de baixo IDH, que os receberiam em troca de benefícios, como royalties", alertou Baitelo.

Quanto aos rejeitos de alta, se estuda a construção de um depósito de longa duração, com capacidade de armazenamento de 500 anos, embora Eletronuclear e Cnen ressaltem que este tipo de rejeito pode ficar seguro nas piscinas boradas por todo o tempo de vida útil das usinas, de cerca de 40 anos.

Segundo Vinhas, será necessário um repositório definitivo quando as usinas chegarem ao fim de sua vida útil. Uma lei específica está em estudo e levaria dois anos para ficar pronta.

O FILÓSOFO

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