Quero escrever de novo, que descanse em paz. Morreu o grande comediante Chico Anysio. É mentira, Terta? Verdaaade! Infelizmente, não é mentira. E morreu com ele não apenas o velho Pantaleão, mas uma multidão de personagens criados pelo grande artista.
Suas grandes criações jamais terão vida novamente na pele e voz de outro humorista. Impossível, Chico era ímpar e incomparável.
Um ator não precisa ser humorista, mas o humorista sim, precisa ser um grande ator. Nenhum outro esteve ou está na mesma dimensão que atingiu Chico Anysio, que, para mim, era, antes de ser um excepcional comediante, o maior ator deste país. Deixava no chinelo muitos atores da Globo que se acham os tais. Para interpretar, digo até, incorporar, aquela enormidade de personagens era preciso muito talento. E isso não é para qualquer atorzinho de novela não!
Nesses tempos sem graça e de humor duvidoso, de pânico e outras monstruosidades na televisão, em que pseudoartistas se acham engraçadinhos e faltam com o respeito com as pessoas, Chico fará muita falta. Pena que a “toda poderosa” tenha deixado Chico na geladeira, fora do ar, por tanto tempo. Em 2000, a “deusa platinada” tirou mesmo o humorista de sua grade de programação como punição às suas críticas em relação à emissora.
Esse foi o tratamento que teve depois de tantos anos dedicados, dando retorno e sucesso à empresa. Chico não gostou.
“Sou um artista que, em 53 anos de profissão, sempre expressei livremente meu pensamento sem intenção de desrespeitar ninguém, muito menos a Rede Globo, onde trabalho há mais de três décadas, tendo excelente e respeitoso relacionamento, principalmente com a alta cúpula, a quem sempre rendi homenagens”.
“Como artista, meu único patrimônio é meu direito de pensar e dizer, já que, por ser um criador, isto é uma qualidade inata. A este patrimônio não renuncio, mesmo em tempo de censura, como agora. (…) Estou tentando compreender os motivos que levaram a Rede Globo a agir desta forma que muito mais pune a ela do que a mim.”
A emissora manteve o seu contrato, evitando sua ida para outros canais. Agora ela fica aí, cheia de homenagens. Mas, não há desrespeito que consiga aniquilar o talento, a obra de Chico permanecerá como exemplo do que é ser um verdadeiro artista.
Chico Anysio morreu aos 80 anos depois de passar 112 dias internado. Foi guerreiro até o final, como todo bom nordestino. Esteve internado por diversas vezes, quando teve alta, em abril do ano passado, voltou a gravar o programa semanal “Zorra Total”, da Rede Globo, interpretando Salomé. O único quadro que se salvava no programinha sem graça. Cearense nascido em Maranguape, em 12 de abril de 1931, Francisco Anysio de Oliveira Paula foi o maior nome do humor no Brasil. Sua carreira se estendeu por mais de seis décadas como radialista, escritor e ator de teatro, cinema e televisão. O programa “Chico City”, lançado em 1973, era imperdível.
Chico casou por seis vezes e teve oito filhos (um deles adotivo). Foi casado com a ex-ministra Zélia Cardoso de Mello, do governo Collor. Mas, cada um tem a vida pessoal que deseja e não se discute essas particularidades.
Entre os diversos personagens que deixarão saudades, estão Tim Tones, Professor Raimundo, Bozó, Painho, Coalhada, Alberto Roberto, Justus Veríssimo, Salomé, Bento Carneiro, Pantaleão, Nazareno, Haroldo e Azambuja. Criou cerca de 209 personagens.
“O meu programa era absolutamente crítica social. Eu sempre defendi o pobre, o preto, o nordestino, o retirante, o mendigo, o preso, o esfarrapado. Então, rico, nos meus programas, sempre fez papéis ridículos, nunca fiz um rico que se desse bem no meu programa. Era uma maneira de dar um sonho, que fosse para o povão que vê o programa.”, disse Chico no programa “Roda Viva”, da TV Cultura.
“Para mim, há dois tipos de humor: o engraçado e o sem graça. E eu fico com o primeiro”, dizia Chico. Hoje, na TV, muitos optaram pelo segundo. Chico Anysio deixou um genial legado artístico. Que aprendam com ele.
O FILÓSOFO
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