Campo Maior chega aos 250 anos, no dia 08 de agosto, abandonada e
cansada de todas as guerras. Nem parece, mas já teve seus tempos de paz e
inocência. Campo Maior também, sempre será lembrada como a terra do
calor, da inconfundível carne de sol e do açude plantado em seu
coração. Quem seria louco em dizer que um dia se tornaria promissora e
atrativa aos olhos de desconhecidos? Presentes dados pela mãe natureza só
mesmo a serra azul que desponta no horizonte e seus campos inundados
de carnaúbas.
No seu nascimento, apenas a igreja de Santo Antonio e
os casarões de famílias ricas que brotavam ao seu redor. Margeando a
vida pudica e conservadora, explodiam os cabarés com seus nomes
interplanetários. Desde a beira do rio Surubim , até quase as praças
centrais, onde moças virgens e recatadas desfilavam com seus melhores
vestidos. Ordem e Progresso existia naquela época: era o nome de uma
boate.
Da Fazenda Bitorocara até a instalação da Vila de Campo
Maior, coronéis e gente humilde tiveram a coragem de desbravá-la de
verdade. Guerra, intrigas políticas, poetas e forasteiros reinaram
solene no chão de terra quase estéril. Nesse cenário, Portugal perdeu a
sua última chance de impor a sua decadente monarquia.
Das cacimbas,
nasceu o açude. Veio energia elétrica, o Banco do Brasil, o Correio e
os grandes armazéns.
Bernardo de Carvalho e Aguiar já podia dar-se como
satisfeito. E quem imaginaria que seríamos visitados por um Presidente
da República? A visita do Marechal Humberto Castelo Branco foi um grande
acontecimento. Milhares de crianças com bandeirinhas do Brasil em punho
saudavam a comitiva. A cidade inteira estava na Praça Bona Primo e todos
foram estúpidos demais para entender a escuridão dos anos negros que
viriam pela ditadura militar.
Mesmo vivendo na penumbra, causada
pela proximidade com a capital, ela resistiu. Aguenta até hoje prefeitos
incompetentes, secas e inundações. Uma efeméride, sem brilho, sem fogos
e orgulho, sem ter muito o que festejar. Mas, somos fortes e por ter
Campo Maior morando dentro da nossa alma é que comemoraremos com uma
pequena lágrima no canto dos olhos. Os mesmos, que insistem em querer
ver, a cidade dos seus sonhos.
SÉRGIO EMILIANO
Nenhum comentário:
Postar um comentário
OBRIGADO POR DEIXAR UM COMENTÁRIO PARA O FOLHAS DE CAMPO MAIOR