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terça-feira, 24 de maio de 2011

ASSIM É O PAPEL DAS LETRAS NA INTERAÇÃO SOCIAL.



Concepções de linguagem alteram o que e como ensinar. Na década de 1970, uma transformação conceitual mudou as práticas escolares. A linguagem deixou de ser entendida apenas como a expressão do pensamento para ser vista também como um instrumento de comunicação, envolvendo um interlocutor e uma mensagem que precisa ser compreendida. Todos os gêneros passaram a ser vistos como importantes instrumentos de transmissão de mensagens: o aluno precisaria aprender as características de cada um deles para reproduzi-los na escrita e também para identificá-los nos textos lidos. A escrita é íntima, a publicação não.


“Ao elogiar ou condenar um livro, o crítico não está dizendo aos seus leitores o que o livro é. Ele não está revelando sua essência oculta, simplesmente porque não há essência oculta a ser revelada, nunca há. O crítico está, na verdade, defendendo o tipo de civilização que o livro propõe”.
(C. P. MACEDO).




"Ainda temos uma cultura ruim, em que os pais não hesitam em comprar um tênis de grife para o filho que custa de R$500,00 (quinhentos reais), mas chiam quando a professora manda comprar um livro de R$ 20,00(vinte reais)”.


 Se eu não ler, não sei o que é isso acontece com você também, como seu filho no futuro vai saber escrever ou falar sobre algo importante se ele nunca foi incentivado a ler? Tal como eu não posso pintar a cor verde com tinta vermelha, também não posso imaginar sem ser a partir da pessoa que sou e fui. O que somos é a matéria-prima a utilizar, mas obviamente que é apenas o trampolim, não o salto. E todos nós já lemos livros em que tivemos a percepção de que o escritor não fazia idéia do que estava escrevendo, se isso aconteceu foi por que o escritor estava vazio na hora do ato, e nos soaram como falso, não é?



Um autor é livre de escrever sobre o que quiser com o seu tempo livre. E uma pessoa não escreve sobre o que quer, escreve sobre o que pode, agora comigo acontece alguma coisa que tenho que escrever quando não que se calar. Há assuntos sobre os quais eu gostava de versejar, mas sinto/sei que não consigo. Felizmente, com sorte, aparece sempre alguém que o faz melhor.

Minha ascendência judaica, C. P. Macedo herdei a inclinação literária dos meus bisavós antes mesmo de nascer. Minha forma de educação foi escolhida por minha mãe depois da leitura do livro Iracema, de José de Alencar. Não por acaso, acredito que uma das maiores heranças dos judeus à cultura é um peculiar senso de humor melancólico, fruto da perseguição crônica sofrida por esse povo ao longo da história. Além disso, C. P. MACEDO atribui aos judeus uma verdadeira veneração ao texto escrito - não é à toa que ficaram conhecidos como "o Povo do Livro".


Desta forma a religião judaica se manifesta em vários métodos como também no estilo de escrever?


A tradição judaica (não estou escrevendo sobre a religião) manifesta-se, em primeiro lugar, por uma verdadeira veneração ao texto escrito. Os judeus ficaram conhecidos como o Povo do Livro, e por boas razões; enquanto gregos, romanos, egípcios nos legaram grandiosos monumentos e obras de arte, os hebreus deixaram apenas um livro, mas que livro! Uma obra que condicionou os destinos de nosso mundo. Uma outra, e importante, contribuição judaica à literatura é o peculiar e melancólico humor, traduzido em historias, parábolas, contos e nas obras de grandes escritores, e que representa a defesa de um grupo oprimido e perseguido contra o desespero. Não é de admirar que tantos escritores judeus tenham ganho o Nobel, por exemplo.


Qual é meu método de escrever? Parto de uma idéia, que pode nascer de um episódio histórico, de um trecho da Bíblia, de uma notícia de jornal, de uma história que me contaram, de uma pessoa que conheci, de um ato de gestores que não estão conduzindo seus legados em consonância com o povo, escrevo sobre políticos corruptos e políticos honestos. Vou desenvolvendo a história, refazendo-a constantemente. Algumas vezes o projeto não decola, e aí simplesmente abandono-o e parto para outra. Neste sentido, o computador tem uma tecla que ajuda muito quem aprecia a escrita: a tecla de deletar.

Há não muito tempo, havia uma coisa chamada linguagem telegráfica. Telegrama era caro porque se cobrava por palavra. Então, já fazíamos uma linguagem semelhante à de computador: você procurava economizar e fazer textos bem curtinhos. Não sei se é ruim. Se o sujeito quiser dizer tudo em poucas palavras, é legal para o treinamento mental dele. O que acontece é que os pais ou a mães que não incentivam as crianças a lerem, estas crianças estaram condenadas a ter um vocabulário muito pequeno. Tem uma pesquisa muito interessante de um sociólogo americano, que gravou conversas em muitos lares. Ele concluiu que as mães de classe média falavam com seus filhos seis vezes mais do que as mães pobres. Porque a criança mais pobre, mais inculta, tem menos informação vocabular do que uma criança que vive num lar mais culto. O mundo é feito de vocábulos. Se você não tiver um universo vocabular rico, você pensa pior. E um adágio Bíblico: “Mente desocupada é oficina de satanás”.

"Podem dizer que, por falta de papel, o livro venha a ser substituído pelo livro eletrônico. Talvez mude o veículo, mas sempre vão precisar de um C. P. MACEDO. para escrever histórias"
(C. P. MACEDO).



 
Assim sendo é essencial também seguir um padrão preestabelecido, e qualquer anormalidade é um ruído. Para contemplar a perspectiva, o acervo das obras estudadas acabou por ser ampliado, já que o formato dos textos clássicos não servia de subsídio para a escrita de cartas, por exemplo.

“O que devemos ter em conta é que não se pode esperar que uma sociedade descomprometida ― como o é a sociedade do nosso tempo ― fabrique, por assim dizer, uma literatura [...] Uma literatura de compromisso é cada vez mais necessária; e embora não se trate de um compromisso político, mas se trata também, é importante que tenha, sim, um compromisso ético”.
(José Saramago).

Em pouco tempo, no entanto, as correntes acadêmicas avançaram mais. Mikhail Bakhtin (1895-1975) apresentou uma nova concepção de linguagem, a enunciativo-discursiva, que considera o discurso uma prática social e uma forma de interação – tese que vigora até hoje. A relação interpessoal, o contexto de produção dos textos, as diferentes situações de comunicação, os gêneros, a interpretação e a intenção de quem produz o texto passaram a ser peças-chave.

A expressão não era mais vista como uma representação da realidade, mas como o resultado das intenções de quem a produziu e o impacto que terá no receptor. O aluno passou a ser visto como sujeito ativo e atuante e, não, um reprodutor de modelos em vez de ser passivo no momento de ler e escutar. Assim é o papel das letras na interação social.

O FILÓSOFO

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