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domingo, 1 de maio de 2011

1º DE MAIO - DIA DO TRABALHO


A história do Primeiro de Maio mostra, portanto, que se trata de um dia de luto e de luta, mas não só pela redução da jornada de trabalho, mais também pela conquista de todas as outras reivindicações de quem produz a riqueza da sociedade.” Perseu Abramo

Em 1º de Maio de 1886, na cidade de Chicago, principal centro industrial dos Estados Unidos da época, milhares de trabalhadores saíram às ruas em passeata para protestar contra as condições de trabalho. 

Eles eram submetidos a uma jornada diária de 13 horas, e reivindicavam a redução para oito, como é atualmente. Naquele dia, o tumulto tomou conta da cidade. Pessoas foram presas, muitas ficaram feridas e algumas chegaram a morrer no conflito com a polícia.

No ano de 1889, em homenagem à greve geral de Chicago, o Congresso Socialista, em Paris, instituiu a data de 1º de Maio como o Dia Mundial do Trabalho

Peter J. McGuire, o idealizador do Dia do Trabalho

No Brasil, o reconhecimento só ocorreu em 1925, pelo então presidente Arthur Bernardes, que decretou 1º de Maio como feriado nacional. Comícios, passeatas e manifestações sindicais costumam marcar a passagem da data.

Na Austrália comemora-se em quatro dias diferentes: 4 de Março na Austrália ocidental, 11 de Março no estado de Vitória, 6 de Maio em Queensland e Território do Norte e 7 de Outubro em Canberra, Nova Gales do Sul (Sidney) e na Austrália meridional. Na Inglaterra o feriado é no primeiro domingo após o primeiro de meio; no Japão, em 23 de setembro; na Espanha, em 18 de julho; e na Nova Zelândia, em 18 de outubro.

Em princípio, todos os dias são do trabalho. Ou para sermos exatos: de trabalho


Até mesmo os, feriados nacionais ou religiosos. Pois sempre há gente trabalhando, desde que, lá atrás, após a queda de Adão no Paraíso Terrestre, o homem foi condenado a ganhar o pão com o suor de seu rosto. 

No início, o trabalho teve o caráter de castigo. 


Daí que os poderosos de todas as épocas enalteciam o ócio, considerado uma virtude, um prêmio, sinal de força e manifestação de prazer. Quando algum desses poderosos precisava ou desejava fazer alguma coisa de concreto, ele apelava para o nec otio, ou seja, para o negócio.


Interrompia o ócio mas não trabalhava: negociava, o que no fundo, daria na mesma.

De qualquer forma, com a obrigação de ganhar suando o seu sustento, ou negociando para ganhar a mesma coisa e seus suplementos de luxo ou prazer, foi criada a clássica divisão entre o capital e o trabalho

E, por extensão, o problema social, que acompanha a humanidade desde os tempos mais remotos da Antiguidade.


Problema que, aqui e ali, e de forma quase permanente, tornou-se a guerra das guerras, pois nunca houve uma paz estabelecida, mas eventuais tréguas, geralmente não cumpridas de parte a parte.

Com a Revolução Industrial, a classe trabalhadora viu-se diante de um paradoxo: de um lado, criavam-se novos empregos; de outro, a mão-de-obra humana poderia ser substituída gradativamente pela máquina. Era o início da exclusão.

O Dia Mundial do Trabalho não nasceu de repente nem de graça.


Foi uma conquista sangrenta, ganha por etapas e perdida repetidas vezes, em ditaduras que o consideram um incentivo à desordem, ao desequilíbrio de uma paz social que na verdade nunca existiu.

Se nos regimes conservadores o 1° de maio é uma data inquietante, que motiva emergências e prontidões nos quartéis e delegacias, nos regimes populistas ela foi absorvida politicamente para produzir um clima de estabilidade que mantém ditaduras.

Foi assim na antiga URSS e no Estado Novo (1937-1945), quando a data tornava-se mais importante do que a própria data nacional.

No momento que atravessamos, aqui no Brasil, há um evidente desgaste nas comemorações do 1° de maio. 

Aparentemente, todos estão de acordo com os reclamos da classe trabalhadora, ela é enaltecida e até mesmo bajulada por todos os setores da sociedade. Na prática, o trabalhador é cada vez mais isolado do bolo nacional, sendo destinado a produzir apenas mão-de-obra cada vez mais barata e com menos direitos sociais.


A crise produzida pelos dois fatores que se destacaram na economia dos nossos dias – a supremacia do mercado e a realidade da globalização – fez reverter algumas das maiores conquistas do trabalhador, como o direito ao trabalho, a garantia de saúde, educação, moradia e aposentadoria decente. O desemprego crescente é também globalizado, e os sindicatos, que sempre atuaram na linha de frente das reivindicações da classe, tiveram de refluir para não aumentar o número dos sem-emprego. 

São inúmeras as urgências do operariado em qualquer parte do mundo. 

Em tempos mais voltados para o problema social, o Dia do Trabalho era um toque de reunir de grandes massas que lutavam por uma pauta específica de reivindicações. Com o congelamento da vida sindical, a data agora se limita às generalidades consentidas, uma luta conceitual e, pior do que isso, consensual. 


Empregadores e empregados a comemoram do mesmo jeito, com as palavras óbvias de que um não pode existir sem o outro, que são complementares, que a paz entre o capital e o trabalho é a maior conquista da sociedade moderna. 

A história do 1° de maio não é pacífica. Nem pode ser pacífica a reflexão que ela nos impõe. Nunca foi uma data subversiva, de contestação à paz social. Mas ela é necessária para nos fazer lembrar que a humanidade só encontrará a verdadeira paz quando o direito do trabalho for uma realidade e não uma concessão do capital, que, enquanto precisar de mão-de-obra, será obrigado ao mínimo para ganhar o máximo.

O FILÓSOFO

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