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segunda-feira, 14 de março de 2011

"AGORA TEM GOIBADAAAAAA?" "TEM MARMELADAAAAAA?"



Ainda menino, meu pai me levava para assistir aos circos mambembes que circulavam por todos os lugares. Coisas de uma época que não existe mais. O circo chegava e enquanto a lona toda remendada era erguida pelos próprios artistas, o dono circulava pela bairro anunciando pelo auto-falante de seu calhambeque o “maior espetáculo da Terra”, que aconteceria justo no nosso bairro no próximo fim de semana.

Eu esperava ansioso pelo domingo. Às vezes, quando não rolava um ingresso, porque meu pai estava sem muito interesse no assunto, mas dava-se um jeitinho de ir ao espetáculo. Finalmente, sentado na primeira fila da arquibancada, eu esperava ansioso pela entrada dos palhaços, que sempre abriam o espetáculo. Invariavelmente, mudava o circo, mas não mudava a rotina. Tudo começava com uma pergunta para a distinta audiência: “Vocês querem goiabada”? Ao que o público respondia : “Não, não senhor”. E a coisa continuava: “Vocês querem marmelada”?… “Queremos, sim senhor”. E aí, o espetáculo finalmente começava.


Eu nunca entendi bem o significado de “queremos marmelada, sim senhor”, até que, muitos anos depois, depois de minhas andanças pelo nosso Brasil, verde, amarelo, anil, voltei para minha terra natal, Campo Maior e deparei com uma grande festa da democracia: “Vocês querem goiabadaaaaaaa – não, não senhor”, continuei em minhas conjecturas e pensei que goiabada com queijo é muito bom (Romeu e Julieta), mas logo eu ouvi “Vocês querem marmeladaaaaaa”, parei pra ouvir se eu respondia corretamente, antes que meus neurônios oferecessem esta sugestão ao meu eu muito particular, antes que meu âmago respondesse, ouvi a voz da multidão respondendo “Queremos sim senhor”. O principal do pleito não estava envolvido nesta história, entrou inocentemente nesta questão (Não estou aqui o classificando como inocente, pois ninguém é inocente somos todos cúmplices na vitória e na derrota), mas nesta questão nem mesmo ele imaginava que cairia nesta esparrela, mas todos os bons caíram e o secundário no sufrágio nos traiu, sim traiu ele, me traiu, traiu você e agora temos que engoli-lo por um período longo. Ladys and Genthymen, vocês já sabem de quem estou falando, claro é aquele que bate no gravo e outra na ferradura... Claro é ele mesmo. 


Histórias como essa continuam acontecendo na política aqui, acolá, na política mundial ao redor do globo. Sufrágios que enganam, fazem-se coligações para ganhar e quando se ganha , enfia-lhe um ponta-pé no trazeiro dos aliados e sai assoviando. Bem, que desculpa esfarrapada, mas os eleitores prejudicados de Campo Maior acharam que foi “marmeladaaaaaaaa”, “FOI SIM SENHOR”. Há quem diga que os políticos poderiam ser mais éticos pelo menos um pouquinho, mas essa de ética é estória pra boi dormir.

Uma verrgooooonhaaaa!!!

Marmelada por marmelada, prefiro a oferecida pelos palhaços do cirquinho mambembe de minha infância.

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