Durante sessão plenária especial, senadores e deputados federais de todo o país manifestaram apoio ao projeto do senador Wellington Dias (PT) apresentado no Congresso prevendo a que o dia 13 de março, da Batalha do Jenipapo, em Campo Maior (82 km de Teresina) seja comemorada nacionalmente.
"A Batalha do Jenipapo é fundamental porque foi nela que o Brasil venceu Portugal e garantiu a sua Independência", afirmou o senador Wellington Dias (PT), anunciando que, junto com a bancada de deputados e senadores do Piauí proporá ao Congresso Nacional que a data de 13 de março 1823 passe a ser celebrada nacionalmente como importante para a independência brasileira. O senador fez o anúncio durante homenagem do Senado à Batalha do Jenipapo, na sessão plenária de segunda-feira.
Os senadores e deputados também proporão que o local onde foi travada a Batalha do Jenipapo seja considerado como patrimônio histórico brasileiro. Wellington Dias explicou que o local abriga um monumento erguido em memória dos piauienses, cearenses e maranhenses que participaram do combate e um cemitério que abriga os restos mortais dos brasileiros que tombaram no confronto.
“Eram pessoas tão do povo que ninguém nunca teve o cuidado de saber o nome de cada um deles, se se chamavam João, Pedro, Antonio ou Maria. Mas todos esses heróis anônimos precisam ser reconhecidos, da mesma forma que o Brasil necessita reconstruir sua verdadeira história”, afirmou Wellington Dias.
Senador Wellington Dias |
O senador lamentou que a Independência do Brasil não tenha sido contada na sua totalidade nos livros de História. Ele lamentou que até hoje muitos brasileiros acreditam que o Brasil tornou-se independente de Portugal apenas com o gesto de Dom Pedro I no episódio conhecido como Grito do Ipiranga. Apesar de reconhecer a importância da atitude de Dom Pedro, Wellington Dias explicou que a história não parou por aí.
Wellington Dias disse que o próprio D. João VI, que já havia regressado a Portugal, incentivou o filho, Dom Pedro I, a declarar a independência brasileira. Porém, a intenção de Portugal era que o norte do Brasil continuasse na condição de colônia portuguesa. O envio do herói da guerra contra Napoleão, João José da Cunha Fidié, a Oeiras (PI), junto com cerca de 7 mil soldados, comprovaria a tese, disse o senador. A derrota de Fidié, completou, destruiu os planos portugueses de manter como colônia um pedaço do Brasil.
Durante a sessão plenária em que foram lembrados os 188 anos da Batalha do Jenipapo, o deputado Assis Carvalho (PT) disse que é preciso reescrever a história do Brasil, escrita no passado por aqueles que não queriam aceitar a participação popular nas grandes conquistas. Ele citou como exemplo a forma como ensinam o episódio do descobrimento do Brasil, que teria sido por um mero acaso.
“A gente sabe que não é verdade, que foi uma situação programada, pensada, mas a história assim não diz”, afirmou.
Assis Carvalho citou também o episódio do fim da escravidão no Brasil, dizendo que a história registra apenas que "uma princesa de bom coração assinou um documento e resolveu tudo", quando, na verdade, muitos morreram nessa luta de libertação.
Embora reconheça que não se pode esquecer o papel de Dom Pedro I na Independência do Brasil, o deputado afirmou que a história do Brasil precisa ser reescrita porque "não foi por generosidade dele que o Brasil se tornou independente".
O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) expressou em plenário a sua gratidão para com o povo do estado do Piauí, pelo papel importante desempenhado na Batalha do Jenipapo, em 1823, considerada decisiva para a Independência do Brasil e consolidação do território nacional.
Na avaliação de Crivella, a Batalha do Jenipapo, ocorrida às margens do Rio Jenipapo, foi, na História do Brasil, um episódio mais importante até mesmo do que a Proclamação da Independência por D. Pedro I, às margens do Riacho Ipiranga, em 1822.
“A independência de um país é muito mais que um grito, muito mais que um gesto: ela é um sacrifício, e todo o sacrifício requer sangue. E onde esse sangue foi derramado? Não foi às margens do Ipiranga, tão demonstrado e cantado em tantos quadros, em tantos versos, em tantos livros; ali não pingou uma gota do sangue brasileiro. Esse sangue pingou às margens de outro rio: o Rio Jenipapo”, disse.
Monumento do Jenipapo |
O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), durante discurso em comemoração aos 188 anos da Batalha do Jenipapo, realizada nesta segunda-feira (14), avaliou que, graças ao povo do Piauí, que lutou contra os grupos leais à coroa portuguesa depois da Independência proclamada por Dom Pedro I, a nação brasileira é atualmente unificada.
“O povo piauiense foi fundamental para que não tivéssemos dois brasis: um Brasil independente, através do nosso movimento, e outro Brasil colônia de Portugal e, quem sabe, hoje, outro país. Então, é importante que esse registro seja feito até para que os jovens que ainda estão nos bancos escolares tenham a informação correta da nossa história”, disse.
O parlamentar afirmou que a imagem da maioria dos brasileiros e das nações vizinhas do Brasil é de que a independência do Brasil foi uma grande jogada feita pela elite da época, e para esses, tal batalha e tantas outras havidas para a independência do Brasil não aconteceram. Se ficarmos com a história oficial, a ensinada nas escolas, ficamos com uma história incompleta, frisou.
O estados do Maranhão, do Piauí e do Ceará mantinham-se ligados a Portugal, apesar da independência. João José da Cunha Fidié, que comandava as tropas leais a Portugal no Piauí, partiu de Oeiras, a capital da época, com um grupo bem armado para conquistar a cidade de Parnaíba, no norte do estado, que tinha aderido à Independência. No caminho, pessoas do povo formaram um exército e desestabilizaram a tropa de Fidié, evitando luta maior.
“Muita gente importante com quem a gente conversa realmente não só não dá o valor que tem um ato desse, como também até duvida que a história tenha sido exatamente essa”, salientou.
Mozarildo demonstrou ainda apoio à iniciativa do senador Wellington Dias (PT-PI) de incluir a data, 13 de março, no calendário de feriados nacionais.MN
O FILÓSOFO
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