.

.

quinta-feira, 24 de março de 2011

CORRUPÇÃO X LIBERDADE

É preciso lembrar apenas que a corrupção é um mal tão grande quanto a injustiça social e a proliferação da violência urbana, ou o cerceamento da liberdade individual, e que a corrupção não é a causa desses outros males, mas componente, com esses outros, de um conjunto de males que atuam ao longo da história como fios próprios que tecem o grande tapete de nossa cidade de Campo Maior quiçá da civilização mundial.

Se (felizmente!) o homem é livre para definir sua conduta, pode optar por ser corrupto a qualquer momento. Então, é possível sonhar com um mundo livre deste mal?


As denúncias recorrentes sobre o envolvimento de políticos em escândalos de corrupção têm dado muito que falar. Mas o que pensar de tudo isso? O estudo freqüente de filoso­fia cria em quem se dedica a ele certa desconfiança que estimula a calar para ouvir melhor e ouvir para pensar direito - e só falar quando um juízo responsável estiver amadurecido. Nada abor­rece mais um filósofo do que ter de dizer qualquer coisa de qualquer maneira sobre qualquer as­sunto, e ainda mais sobre um assunto tão grave como o da falta de ética na política.
Mas o que significa "falta de éti­ca na política"? Em que medida a corrupção é uma "falta de ética"? O que pode ser a ética para que sua ausência seja um mal? O que é o mal? Como pode o homem come­tê-lo? Haveria, então, um jeito de o homem acabar de vez com o mal e, com isso, acabar de vez com a corrupção? Se não há, o que fazer?


MALES DA CIVILIZAÇÃO


Antes de responder a essas in­dagações, é preciso lembrar que a corrupção é um mal tão grande quanto a injustiça social e a pro­liferação da violência urbana, ou o cerceamento da liberdade indivi­dual, e que a corrupção não é a causa desses outros males, mas componente, com esses outros, de um conjunto de males que atuam ao longo da história como fios próprios que tecem o grande tapete de nossa civilização.
Então, a "culpa" é da civiliza­ção? Não se ganha muito ao se condenar o processo civilizatório. Ninguém pode, como já foi dito, saltar além de sua própria som­bra. A questão sobre se poderia haver uma civili­zação humana sem o mal não po­de ser respondida antes da ques­tão sobre se os homens e as mulheres poderiam, ao mesmo tem­po, permanecer humanos e não praticar o mal. Aliás, somente depois disso é que poderíamos de­cidir se uma civilização do bem total seria algo mais que uma uto­pia barata.

MEU, TEU E DELES


Vamos entender por corrup­ção o ato de um indivíduo ou de um grupo particular no sentido de tirar proveito ilícito de algum bem público. Muito cedo, o povo percebeu que a região da política era um pasto farto para cometi­mentos de corrupção. Contudo, os políticos corruptíveis são mais ágeis do que o povo, e para lá se­guem e se fartam o quanto po­dem, antes de qualquer denúncia formalizada.
Mas essa diferença entre o povo, de um lado, e os políticos, de outro, passa por uma concepção de política que favorece a prática da corrupção: a idéia de que a po­lítica e seus negócios são "coisas só de político". Porém, se o bem é público, é tanto dele quanto meu, é nosso.
Sendo nosso, devo ficar atento, tanto quanto tu e ele, para cuidar e preservar. Essa mentalidade, segundo a qual a coisa pública (a rés pública) é de interesse comum, é o que faz de alguém um republi­cano, uma pessoa interessada em primeiro lugar pelo bem da cole­tividade. A boa idéia seria que ca da cidadão pensasse no bem co­mum. Mas na prática é bem diferente. Primeiro deturpam o conceito de cidadão (os direitos do "cidadão" são os direitos do consumidor), depois trabalham para que cada ser humano per­maneça preocupado mais em ganhar seu próprio pão (ou seu próprio sonho de consumo) do que em pensar no bem comum.
Enquanto cada um procura sal­var-se como pode, os políticos pro­fissionais corruptos cuidam de surrupiar tudo aquilo que poderia criar as condições para que as pes­soas não precisassem se preocupar tanto com o pão de cada dia.
Preocupados demais com o leite das crianças (ou com a marca do próximo carro novo), como po­deriam manter-se atentos para a coisa pública? É assim que não podem evitar que aqueles políticos atentem contra os interesses da nossa cidade.  É assim que não podem evitar que “aqueles” políticos atentem contra os interesses da nossa cidade. E é assim que a vida de cada um se torna cada vez mais dura, porque somente assim os poderosos podem continuar agin­do no afã dos próprios interesses.
A política é a luta cotidiana pa­ra salvaguardar interesses. Inte­resse é o que há de mais variado entre os seres humanos. Encon­trar um interesse comum não é fácil. Defendê-lo, então, é ainda mais difícil. A política pode ser feita com ética, mas para alguns políticos a falta de ética ajuda mais do que atrapalha. Todavia, o que mais atrapalha mesmo é a falta de um ethos político entre nós.  Isto é, “o costume de fazer da política um exercício diário da coisa pública?”.  Porem,  deveríamos fazer somente de quatro em quatro anos, isto é deveríamos discutir o assunto em defesa de nossos direitos principalmente e com muita clareza sobre nosso interesses e lutar por protegê-los.

O MAL DA INJUSTIÇA

Para Sócrates, saber do bem e viver bem era uma só coisa. Que se leia o pequeno e instigante diá­logo Críton, de Platão, para per­ceber isso de perto, além de notar que o chamado "jeitinho campomaiorense" vem de longe! Quer dizer, uma pessoa não é ética somente por saber o que é o bem, mas por exercê-lo, por saboreá-lo ao longo de sua vida. Mas o bem não é algo que se saboreia isoladamente, e sim algo que se compartilha na convivência com os outros (o livro: Ética A Nicômaco, de Aristóteles, trata disso).
Ora, a corrupção é o rompi­mento com o compromisso de vi­ver o bem compartilhado com to­dos. Dar prioridade ao interesse particular contra o interesse geral é, assim, um ato antiético, con­trário à promoção do bem. Como o contrário do bem é o mal, a cor­rupção só pode ser um mal. Mas que mal há em querer o bem so­mente para mim, meu pai, minha mãe e meus irmãos, deixando os outros ao "deus-dará"?. Como aconteceu na política passada dando ênfase ao nepotismo. Como acontece em nossa cidade, a discriminação racial e a falta de condições que permitem ao idoso, aos aposentados sobreviver com dignidade isto também é um ato de corrupção, por que não sermos uma “CIDADE AMIGA DO IDOSO”
Porque o município não pode auferir-lhes melhoria de vida, rebaixando calçadas, construindo casas da MELHOR IDADE onde o idoso possa se abrigar com dignidade fugindo dos abusos da população? É inadmissível que em Campo Maior ainda exista pessoa da Melhor Idade acorrentada, sim é isso mesmo, acorrentadas, filhos abusando de suas próprias mães com mais 80 anos, aposentados sem uma segurança quando vai receber seu parco, reduzido recurso quando não são roubados por ladrões nas saídas dos bancos, são extorquidos pelos seus próprios familiares que usam o seus proventos para outros fins e sabemos que vez ou outra os usam para fins ilícitos. Uma “CIDADE AMIGA DO IDOSO”  cuida da educação das crianças, dos jovens, dos adultos, pois todos estão a cada dia ficando velhos, estatisticamente falando, seremos em breve um País de Idosos. 
A corrupção não é um mal exclusivo do político. A decisão de não ligar a mínima para os outros pode estar em cada uma das relações humanas, das maiores (como a campanha eleitoral, como filas onde não se respeita o idoso,) às mais ínfimas (como ceder ou não lugar no ônibus quando viaja em um ônibus lotado para Teresina ou para alguém excessivamente diferente de nós).  O mal que há nisso tem um nome: é a in­justiça. Todo ato de corrupção é um ato de injustiça. A injustiça é revelada quando se percebe que o que era devido a cada um não foi dado a quem deveria, mas alguém ganhou em seu lugar. Seria acaso a comunidade ou os políticos?.

“A corrupção é o rompimento com o compromisso de viver o bem compartilhado com todos. dar prioridade ao interesse particular contra o interesse geral é, assim, um ato antiético, contrário à promoção do bem”.
(O FILÓSOFO)

Se esse pensamento é certo, a corrupção não ocorre somente na política (leia-se O Estado e a revo­lução, de Lênin), mas também na economia (leiam-se Os manuscri­tos económico-filosóficos, de Marx) e na sociedade em geral (leia-se A origem da desigualdade entre os homens, de Rousseau).
Receber dinheiro para cam­panha eleitoral e não contabilizá-lo legalmente, desenvolver projetos para angariar fundo estaduais, federais ou particulares e não os aplicar para os fins  projetados é crime, é fraude, é corrupção, porque vem de fontes escusas, comprometendo adiante o bem público com inte­resses privados, é um ato de cor­rupção tão grave quanto pagar juros de dívida e deixar o país, o estado e o municípuio com suas estradas cheias de buracos, suas ruas inseguras, sua popula­ção passando fome, seus hospi­tais, escolas e universidades cain­do aos pedaços. Tão grave quanto obrigar as pessoas a fazer do tra­balho a única fonte de sobrevi­vência, dando-se a cada um se­gundo o próprio esforço (e não dando a tantos outros, porque es­tão desempregados), quando to­dos deveriam ter para sobreviver segundo suas necessidades.
Mas também somos injustos quando achamos que o sujeito ao lado merece menos respeito que nós ou que outro. Quer dizer, o preconceito e a discriminação, co­mo a desigualdade, também são um ato de corrupção.
                                            
“Escrito 400 anos antes de Cristo: ‘Ninguém ama tanto a vida como a pessoa que envelhece’". 
(Sófocles)

O FILÓSOFO

Nenhum comentário:

Postar um comentário

OBRIGADO POR DEIXAR UM COMENTÁRIO PARA O FOLHAS DE CAMPO MAIOR