Há décadas, pesquisadores alertavam que o planeta sentiria no futuro o impacto do descuido do homem com o ambiente. Na virada do milênio, os avisos já não eram mais necessários – as catástrofes causadas pelo aquecimento global se tornaram realidades presentes em todos os continentes do mundo. O desafios passaram a ser dois: se adaptar à iminência de novos e mais dramáticos desastres naturais; e buscar soluções para amenizar o impacto do fenômeno.
Em tempos de aquecimento planetário, uma nova entidade internacional tomou as páginas de jornais e revistas de toda a Terra – o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), criado pela ONU para buscar consenso internacional sobre o assunto. Seus aguardados relatórios ganharam destaque por trazer as principais causas do problema, e apontar para possíveis caminhos que podem reverter alguns pontos do quadro.
Os animais e plantas estão sentindo os efeitos globais, ao menos do ponto de vista humano, mas o fato é que animais e plantas estão tentando se proteger do aumento das temperaturas globais subindo montanhas e se distanciando do Equador. Em média, a coisa ainda está acontecendo a passo de tartaruga, mas previsões dizem que isto deve ser acelerado no futuro bem próximo: a cada década, as espécies se mudam para altitudes 11 m maiores e rumam em direção aos pólos mais 16,9 km, afirma pesquisa da Universidade de York (Reino Unido) na revista "Science".
Pode parecer pouco, mas é um ritmo entre duas e três vezes maior de "retirada rumo ao frio" do que o verificado por pesquisas anteriores. Além disso, o estudo coordenado por Chris Thomas e I-Ching Chen também é o primeiro a verificar que a fuga tem correlação com o nível de aumento da temperatura, que a cada década tem subido 1 Grau nas região habitada pelos animais e plantas em retirada.
Ou seja: quanto mais uma região do globo esquentava, mais longe (ou mais alto) as espécies afetadas fugiam, já que tanto a proximidade dos pólos quanto as altitudes mais elevadas ajudariam os animais e plantas a encontrar climas mais frescos.
A conclusão veio depois que a equipe estudou dados disponíveis na literatura científica sobre 764 espécies. Entre as mais fujonas estão às libélulas britânicas, que recuaram 104 km rumo ao norte por década, e as borboletas da Espanha, que estão subindo encostas de montanhas a uma taxa de 108,6 metros a cada dez anos.
LIBÉLULA GIGANTE |
BORBOLETA AZUL |
No geral, escrevem os pesquisadores, cerca de três quartos das espécies estudadas mostraram algum movimento rumo a áreas mais altas e mais frias, embora também haja casos de plantas e animais indo na direção oposta, ou "estacionados".
Uma limitação do estudo é que ele levou em conta principalmente criaturas que vivem em regiões temperadas.
Monstro de gila |
Apenas áreas da Malásia e de Madagascar representam as regiões tropicais do globo.
Por isso mesmo, os pesquisadores admitem que mais estudos serão necessários para entender o que a mudança forçada significará para o destino das espécies.
ESPÉCIES PODEM NÃO TER PARA ONDE CORRER
Não é nem um pouco simples entender a dinâmica da mudança de espécies para regiões mais frias. O ritmo não é uniforme, em parte por causa das características de cada animal ou planta, em parte por peculiaridades do terreno de cada região.
O estudo da Universidade de York mostra que 22% das espécies estudadas foram para mais perto do Equador em vez de se afastar dele, e 25% foi para áreas mais baixas, e não mais elevadas. Pode ser que, nesses casos, uma encosta mais baixa, porém voltada para o pólo Norte ou Sul, fosse mais fresca do que outra mais alta.
Não mate o mundo, não faça queimada |
E há, claro, o pior dos mundos: alguns animais e plantas não conseguem viajar muito longe por causa de barreiras geográficas (um rio largo, digamos). Ou então, quando o fazem, não encontram habitat adequado na nova "casa", por algum outro motivo, como desmatamento. Nesse caso, a tendência é que essas espécies sumam.
O FILÓSOFO
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