A incapacidade de indignação do povo brasileiro ante a corrupção
Algumas discussões importantes nos últimos dias dominaram os meios de comunicaçãodo país, tudo por conta de um texto escrito por Juan Arias, que é um correspondente no Brasil do jornal espanhol El País. O jornalista trouxe à reflexão questionamentos acerca da incapacidade de indignação dos brasileiros diante de tanta corrupção e descaso na gestão da coisa pública, na União, nos estados e nos municípios, indagando ainda, se esta inércia não se daria pela índole ordeira do povo e sua contestação com o tão pouco que ganha para a sobrevivência.
Apontou, em contraposição, que ultimamente o brasileiro só tem se mobilizado em eventos como a MARCHA DA MACONHA, as PARADAS GAYS, deixando de lado questões de vital importância para o desenvolvimento político das instituições e das pessoas, como é o caso da corrupção endêmica que assola o país e os desmandos administrativos. Na maioria dos países europeus quase tudo vira manifestação de rua e protestos. Em alguns países árabes, fechados pelo fundamentalismo religioso, a chamada “primavera árabe”, anda varrendo regimes ditatoriais. Mas, e aqui? Por que ninguém se importa com a corrupção e seus males?
UMA PROVÁVEL EXPLICAÇÃO: O POVO ESTÁ “PRIVATIZADO”.
Reinaldo Azevedo, do site de Veja, aquele que trocou farpas com o deputado Fábio Novo (PT-PI) por causa das colocações infelizes de um ator relacionadas ao Piauí, pontuou que a inércia do povo e da sociedade civil organizada, deve-se ao INTERVENCIONISMO DO GOVERNO nas suas entranhas financeiras, “privatizando-os”, como se dá com o Movimento dos Sem-Terra (MST), que recebe repasses do governo federal para custear suas atividades, assim como a histórica e ex-barulhenta União Nacional dos Estudantes (UNE), que, segundo ele, já recebeu verbas no importe de quase R$ 50 milhões.
Por parte destes houve, inclusive, um fenômeno inverso: as manifestações a favor do governo, como aquelas promovidas em defesa da turma do “mensalão”, Delúbio Soares, José Dirceu, Marcos Valério e os demais. O que o dinheiro não faz. Um dos líderes do movimento estudantil caras-pintadas, Lindbergh Farias, que no início da década de 90 protestou contra a corrupção no governo Collor, apeando-o do poder pelo impeachment, hoje é colega do ex-presidente no Senado pelo PT do Rio de Janeiro.
E aí? O que que tem? E a CUT? Quem não se lembra de suas grandes manifestações no ABC paulista pelo direito dos trabalhadores? Em tempos de república sindical todos migraram das causticantes praças e ruas, onde faziam os célebres protestos, para os refrigerados gabinetes do governo. E aí? O que que tem? Quem se importa com isso? Ninguém. Se alguém for às ruas e praça contra esse estado de coisas reinante correrá o sério risco de ser mais uma ‘voz do que clama no deserto’, podendo ser ainda ridicularizado e desacreditado pela turma de plantão no poder. É o que acontece.
Acredito que não exista alguém que não saiba o caráter e o valor libertador da educação. Todo mundo sabe. Exceto, é claro, os doentes mentais e os que, por óbvio, já faleceram.
Vejamos o exemplo da Coréia do Sul e da China, países que, sobretudo, pela educação formal de seu povo, hoje têm despontado na dianteira da ciência e da tecnologia. É uma riqueza de valor imensurável e que não sofre as variações de mercado como o commodities (o café, a borracha, o aço, a prata, o cobre, a soja, etc.), pelo contrário, quando mais educado é um povo, mais o país é rico, em todos os sentidos.
A China, integrante do grupo BRIC (Brasil, Rússia Índia e China), bateu o Brasil na avaliação do PISA 2009 (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), ficando na 1ª posição (a cidade de Xangai), a Coréia do Sul em 2º, enquanto o Brasil na 53ª. E olhe que a China vive sob regime ditatorial, sem democracia. O PISA é aplicado aos países membros da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), com sede em Paris, na França, e congrega várias nações do mundo.
O PISA avalia a capacidade dos alunos, com até 15 anos, na habilidade de leitura, matemática e ciências de estudantes com até 15 anos. Apesar de ter melhorado, em relação à prova anterior, o Brasil ainda está aquém do que se espera de um país desejoso em figurar entre as grandes nações do mundo. O Le Monde, um importante jornal francês, noticiou que a educação é o “calcanhar de Aquiles” do Brasil. É um estorvo ao desenvolvimento. Os alunos do Piauí, Maranhão e de Alagoas obtiveram os três piores resultados do país. Mas, por aqui quem se importa? E daí? O que que tem?
Uma inteligente tentativa de se melhorar os nossos números na educação foi apresentada pelo articulista Gustavo Ioschpe, de Veja, que sugeriu sejam aprovadas leis que obriguem estados e municípios a exporem em placas, na entrada das escolas e em locais visíveis, a nota obtida pela mesma na prova do IDEB (índice de desenvolvimento da educação básica), como forma de estabelecer pressão social sobre os grupos políticos dominantes, que mais falam do que agem, demagógicos.
Já que ninguém diz nada, ninguém se manifesta contra a péssima qualidade das nossas escolas o jeito é criar uma lei para forçar a barra. Teresina-PI saiu na frente e já aprovou uma lei nesse sentido. No Congresso Nacional a discussão também já começou, conquanto haja por parte do governo, em setores do MEC, resistências. Por que as nossas escolas são péssimas e ninguém diz nada? Por que nossas merendas escolares são de péssima qualidade? Ninguém se manifesta? Mas, e daí? O que que tem?
Percebam que citei só a educação. Fosse eu falar nos outros setores da função básica do estado, ah meu amigo… “a coisa tá feia…”. Meu caro Professor Jorge Câmara sendo a sumidade que é, com a experiência que tem, Professor de Português há algumas décadas aparece no arrebol um imbecil que cremos que nem ao menos estudou numa destas escolas vem a público para lhe criticar, faz muito tempo que alguém não surge em nosso horizonte que provoca dos menos esclarecidos aos mais esclarecidos estes arremedos infames, faz muito tempo mesmo que não incomodava tanto quanto o que você escreve parabéns, Professor esperamos que você de continuidade escrevendo textos tão bem colocados e esclarecedores.
O FILÓSOFO
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