Os dois países devem formalizar, no final de agosto, a parceria para a criação de um centro binacional de nanotecnologia.
Localizado no campus do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas, que já abriga o Laboratório Nacional de Luz Síncroton (LNLS), o Laboratório Nacional de Biociência (LNBio) e o de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE). O Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano) vai funcionar como centro de operações e sede do órgão binacional.
Virtual no início, o centro poderá se concretizar, no sentido não-metafórico, no futuro. Conforme afirmou o diretor do LNNano, Fernando Galembeck, em entrevista ao Inovação Unicamp: Havendo intenções de continuidade e crescimento, ou sendo mantidas as que existem, poderá vir a existir um centro com identidade e comunidade física.
Na parte brasileira do acordo, além do LNNano, estarão envolvidos no centro uma rede virtual de pesquisadores de nanotecnologia, baseada em Minas Gerais, e o Laboratório Multiusuário de Nanociência e Nanotecnologia (LabNano) do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), no Rio de Janeiro.
Galembeck afirma existirem pelo menos 15 instituições, no Brasil, que recebem verbas federais e trabalham com, ou têm foco em, nanotecnologia. Nanotecnologia, no singular, é uma simplificação quase grosseira. Prefiro falar em nanotecnologias.
A multiplicidade dos centros de pesquisa inclui, entre outros, o Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio, da Embrapa, instalado em São Carlos. O campo oferece soluções ou respostas para qualquer setor industrial, serviços, agricultura e, até, para a mineração.
As várias nanotecnologias são muito diferentes entre si e portanto requerem diferentes abordagens em diferentes condições, explicou o diretor, que deve embarcar para Pequim com AluiZio Mercadante, ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, para assinar o acordo.
No caso específico do LNNano, a diretriz geral é o uso da nanotecnologia para a sustentabilidade. Apenas no aproveitamento dos resíduos agrícolas, Galembeck cita como exemplo, a descoberta de que as cinzas da casca do arroz contêm partículas nanométricas de sílica, que podem ser usadas para aumentar a resistência do cimento à compressão.
Essas partículas também têm aplicações na fabricação de vidro, cerâmica e na indústria química.
Galembeck espera que a nanotecnologia aplicada à sustentabilidade possa encontrar também soluções que tornem úteis outros tipos de resíduo, como as cinzas do bagaço de cana.
No Brasil são produzidos 4 bilhões de toneladas anuais dessas cinzas, e crescendo.
O FILÓSOFO
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